A História da Palestina entre o Antigo e o Novo Testamento
Por James L. Johns
O período em Geral
O intervalo entre o Antigo e o Novo Testamento abrange cerca de quatro séculos, começando por volta de 430 a.C. Durante este período, o centro de poder mundial migrou da Ásia para a Europa. O Império Persa entrou em colapso sob os ataques dos Macedônios e, com o tempo, o Império Grego deu lugar ao domínio Romano.
O período persa
O período Persa estende-se desde o final da história do Antigo Testamento até 334 a.C.
Devido à falta de fontes Persas, muito do nosso conhecimento dos eventos do Império Persa depende muito dos historiadores Gregos. Temos apenas referências escassas em fontes externas acerca da história dos Judeus durante este período.
Em 539 a.C., Ciro da Pérsia conquistou a Babilônia e começou a governar seus antigos territórios. O império de Ciro se espalhou da Grécia à Índia e do Cáucaso ao Egito. Ciro permitiu que os Judeus que desejassem retornassem à Judéia e reconstruíssem o templo e a capital. Depois disso, o domínio Persa na Palestina foi em geral tolerante.
Durante o século IV a.C., o Império Persa de Ciro começou a desmoronar e o poder Europeu emigrou para a Palestina pela primeira vez.
O Período Grego
Alexandre e o Diadochi
Filipe II da Macedônia iniciou um novo período na história da Palestina após unir as cidades-estado da Grécia e da Macedônia. O filho de Filipe, Alexandre III ("o Grande"), derrotou a Pérsia em batalha, combinando assim o Egito, Palestina, Síria, Ásia Menor, Grécia e o território Persa em um extenso império. O império expandido foi administrado seguindo os princípios da polis Grega (cidade-estado), com a Grécia formando novas cidades e remodelando as cidades existentes. Esse processo de mesclar a cultura Grega com as culturas nativas, a “helenização”, continuou durante todo o período intertestamentário.
Após a morte de Alexandre em 323 a.C., seu império foi dividido entre seus quatro generais, os Diadochi ("sucessores"). Os mais significativos para a Palestina foram Ptolomeu I, cujas forças controlaram o Egito e o Norte da África, e Seleuco Nicator (Seleuco I), cujos exércitos protegeram a Síria, a Ásia Menor e a Babilônia.
O Período Ptolomaico
Os reis Ptolomaicos governaram a Palestina de 323 a 198 a.C., permitindo que os Judeus governassem a si mesmos e observassem seus costumes religiosos. Em 198 a.C., entretanto, Antíoco III, governante dos Selêucidas, derrotou seu rival Ptolomaico e anexou a Palestina.
O Período Selêucida
Antíoco III continuou a política de tolerância religiosa dos Ptolomeus. Em 175 a.C., no entanto, Antíoco IV "Epifânio" ("o deus manifesto") ascendeu ao poder, o que deu início à crise mais significativa do Judaísmo do Segundo Templo antes da invasão de Pompeu e do início do domínio Romano. Antíoco IV, junto com outros em Jerusalém, apoiou a helenização radical de Jerusalém. Ele baniu o Judaísmo, tornou compulsórias as práticas de adoração pagãs e trouxe mercenários estrangeiros para manter a ordem. Um altar ao deus Sírio, Zeus, foi erguido no templo. Por volta de 167 a.C., animais proibidos pela lei Mosaica foram sacrificados no altar e a prostituição foi sancionada nos recintos do templo.
O Período Macabeu-Hasmoneu
Uma família sacerdotal chamada Hasmoneana em homenagem a um de seus ancestrais, que consistia de um homem chamado Matatias e seus cinco filhos, levantou uma revolta bem sucedida após uma luta severa. (Essa família também era chamada de Macabeus - do apelido "Macabeus" ["o Martelo"] dado a Judas, um dos filhos de Matatias.)
Mattathias e seus filhos reuniram um exército de guerrilha, incluindo no início os Hassidianos (Hassidim), travaram guerra contra os sírios e atacaram os Judeus que haviam abandonado a observância da Torá. Antíoco IV revogou as proibições contra a observância da Torá. Judas Macabeu e seus revolucionários derrotaram os Sírios, recapturaram o templo e o purificaram de seus ornamentos pagãos em 164 a.C.
A dinastia Hasmoneana entrou em declínio por meio de uma série de reis inadequados. Os objetivos políticos dos hasmoneus alienaram muitos ex-partidários, incluindo os Hassidianos, que se dividiram em Fariseus e Essênios. Os apoiadores da aristocracia dos reis-sacerdotes Hasmoneus tornaram-se os Saduceus. No final da dinastia Hasmoneana, os Fariseus basicamente dominaram o país.
A dinastia Hasmoneana terminou em conflito civil. Em 67 a.C., uma guerra eclodiu entre dois irmãos, Hircano II e Aristóbulo II, ambos disputando o título de sumo sacerdote e rei. Ambos apelaram a Roma para resolver a questão, o que efetivamente foi um convite para o general romano Pompeu conquistar Jerusalém em 63 a.C., e colocar a Judéia sob administração Romana direta.
O Período Romano
Sob seus imperadores, a cultura Romana permaneceu Grega, com as contribuições romanas distintas da administração central e a promessa de paz por meio da força superior.
Pompeu, o general Romano que assumiu o controle de Jerusalém e da região circundante, delegou grande parte do antigo território hasmoneu ao governador romano da Síria e, após conferir apenas o título de sumo sacerdote a Hircano II, nomeou um Idumeu (um descendente de Esaú) chamado Antípatro e seus filhos, Fasel e Herodes, como governadores da Judéia e da Galiléia. Os anos de governo religioso limitado de Hircano II terminaram com a derrota pelos Partas. Por sua vez, Roma derrotou os Partos e então confirmou Herodes (“o Grande”) como governante em 37 a.C., chegando a chamá-lo de rei.
Durante esses primeiros anos de controle Romano, Roma era geralmente bastante tolerante com o Judaísmo. Além disso, o poder Romano proporcionou um período de relativa paz para a região. No entanto, durante o período de dominação romana, surgiram movimentos esporádicos de resistência Judaica.
Herodes foi um governante eficiente e um político inteligente. Ele manteve Roma satisfeita, proporcionando estabilidade contra forças externas. Entre seus muitos projetos de construção, talvez sua maior contribuição para os Judeus foi a expansão e embelezamento do templo em Jerusalém. Herodes também é conhecido por promover a cultura Helenística (Grega) em todo o seu reino. O reinado de Herodes foi repleto de intrigas políticas internas, conspirações, assassinatos, guerras e brutalidade até sua morte em 4 a.C. Sem a habilidade e ambição de seu pai, os filhos de Herodes governaram diferentes partes da Palestina no período do Novo Testamento.
Fonte:
JOHNS, James L. The History of Palestine between the Old and New Testaments. In HAYS, J. Daniel; DUVALL, J. Scott (ed.). The Baker Illustrated Bible Handbook. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2011
Tradução Walson Sales
[Nota do tradutor: a tradução deste capítulo tem a intenção precípua de buscar editoras interessadas em comprar os direitos autorais e publicar a obra completa em português. Os demais objetivos são para informar os amantes de Teologia e Filosofia sobre assuntos correlatos diversos.]
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