domingo, 5 de setembro de 2021

Calvinismo de Quatro Pontos - Laurence M. Vance

 Calvinismo de Quatro Pontos - Laurence M. Vance

 

Como mencionado no capítulo 5, alguns calvinistas que reconhecem a repugnância da Expiação Limitada, e ainda assim mantêm a predestinação do sistema calvinista, afirmam ser calvinistas de somente quatro pontos. E embora este ensino tenha sido defendido no século dezessete pelos supracitados Moyse Amyraut e John Davenant, delegados ingleses ao Sínodo de Dort, o Calvinismo de quatro pontos é em geral de origem recente. Mas como reconhecido pelos calvinistas: “Considerável controvérsia tem surgido entre os próprios calvinistas sobre a extensão da redenção realizada no Calvário.”[1]  Portanto, os principais oponentes da Expiação Limitada não são os arminianos, mas, antes, esses denominados calvinistas de quatro pontos. Como Custance apropriadamente afirma: “O conceito da Expiação Limitada é talvez o único dos Cinco Pontos do Calvinismo sobre o qual controvérsia entre aqueles que do contrário não abrem mão da posição calvinista tem tido as mais sérias consequências.”[2]  Good explica que por causa das “dificuldades ligadas ao terceiro dos ‘Cinco Pontos,’ muitos que se consideram calvinistas eliminaram completamente esta doutrina específica de seu sistema. Eles não o consideram como sendo básico ao Calvinismo essencial.”[3]  Tom Ross lamenta que “mesmo aqueles que professam crer nas doutrinas da graça geralmente evitam esta preciosa verdade.”[4]  A razão de um calvinista se opor ao terceiro ponto da TULIP é desviar a atenção do fato que um calvinista de quatro pontos ainda crê na Eleição Incondicional do sistema calvinista que destina os reprovados ao inferno sem nenhuma chance de salvação. Isto é semelhante aos argumentos acerca do hiper-calvinismo. Focando a atenção do oponente naquilo que é rotulado uma posição extremada que ele não acredita, o calvinista pode tomar a via media e parecer ortodoxo. Mas Pink afirma que ele prefere ser chamado de hiper-calvinista a crer numa expiação ilimitada.[5]

 O calvinista de quatro pontos Chafer, ao enumerar os pontos de concordância entre as duas escolas acerca da extensão da Expiação, inadvertidamente revela a verdade da irrelevância da Expiação Limitada ao sistema TULIP: “A crença de um grupo é que Deus provê salvação para os eleitos a fim de que os eleitos possam ser salvos. A crença do outro grupo é que Deus proveu salvação para todos os homens a fim de que os eleitos possam ser salvos.”[6]  Então, qual é a diferença? Se apenas os “eleitos” serão salvos, faz alguma diferença por quem Cristo morreu? Reconhecendo esta flagrante inconsistência, os calvinistas de cinco pontos condenam vigorosamente seus “primos”:

 

Frequentemente tenho pensado que, para ser um calvinista de quatro pontos, é preciso que a pessoa não entenda pelo menos um dos cinco pontos. É difícil imaginar que a pessoa possa entender os outros quatro pontos do calvinismo e negar a expiação limitada. Existe sempre a possibilidade, contudo, da feliz inconsistência pela qual as pessoas sustentam diferentes pontos de vista ao mesmo tempo.[7]

 

Alguns têm tentado manter a eleição e a soberana obra do Espírito Santo, mas ao mesmo tempo negam a expiação limitada. Tal teoria leva a uma disjunção contrária às Escrituras entre a obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo.[8]

 

Gerstner insiste que a rejeição da Expiação Limitada “é na realidade um indicativo de um total afastamento do Calvinismo.”[9]  Assim, ele ataca impetuosamente seu companheiro calvinista Chafer por negar a Expiação Limitada.[10]  Mas mesmo o arminiano Robert Shank vê a inconsistência do Calvinismo de quatro pontos: “Por que Jesus carregaria os pecados daqueles que não têm qualquer perspectiva de perdão e cujo destino inevitável é, pelo decreto de Deus, a perdição eterna?”[11]  A negação da Expiação Limitada por alguns calvinistas conclusivamente demonstra que ela não é essencial ao sistema TULIP.



[1]  Good, Calvinists, p. 67.

[2]  Custance, p. 149.

[3]  Good, Calvinists, p. 69.

[4]  Tom Ross, Abandoned Truth, p. 103.

[5]  Pink, Sovereignty, p. 261.

[6]  Chafer, Theology, vol. 3, p. 186.

[7]  Sproul, Eleitos de Deus, pp. 151, 152.

[8]  Palmer, p. 50.

[9]  Gerstner, Wrongly Dividing, p. 105.

[10]  Ibid., pp. 118-121.

[11]  Shank, Life in the Son, p. 354.

 


 

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