Calvinismo de Quatro Pontos - : Laurence M. Vance
Como
mencionado no capítulo 5, alguns calvinistas que reconhecem a repugnância da
Expiação Limitada, e ainda assim mantêm a predestinação do sistema calvinista,
afirmam ser calvinistas de somente quatro pontos. E embora este ensino tenha
sido defendido no século dezessete pelos supracitados Moyse Amyraut e John
Davenant, delegados ingleses ao Sínodo de Dort, o Calvinismo de quatro pontos é
em geral de origem recente. Mas como reconhecido pelos calvinistas:
“Considerável controvérsia tem surgido entre os próprios calvinistas sobre a
extensão da redenção realizada no Calvário.”[1]
Portanto, os principais oponentes da Expiação Limitada não são os arminianos,
mas, antes, esses denominados calvinistas de quatro pontos. Como Custance
apropriadamente afirma: “O conceito da Expiação Limitada é talvez o único dos
Cinco Pontos do Calvinismo sobre o qual controvérsia entre aqueles que do
contrário não abrem mão da posição calvinista tem tido as mais sérias
consequências.”[2]
Good explica que por causa das “dificuldades ligadas ao terceiro dos ‘Cinco
Pontos,’ muitos que se consideram calvinistas eliminaram completamente esta
doutrina específica de seu sistema. Eles não o consideram como sendo básico ao
Calvinismo essencial.”[3]
Tom Ross lamenta que “mesmo aqueles que professam crer nas doutrinas da graça
geralmente evitam esta preciosa verdade.”[4]
A razão de um calvinista se opor ao terceiro ponto da TULIP é desviar a atenção
do fato que um calvinista de quatro pontos ainda crê na Eleição Incondicional
do sistema calvinista que destina os reprovados ao inferno sem nenhuma chance
de salvação. Isto é semelhante aos argumentos acerca do hiper-calvinismo.
Focando a atenção do oponente naquilo que é rotulado uma posição extremada que
ele não acredita, o calvinista pode tomar a via media e parecer ortodoxo. Mas
Pink afirma que ele prefere ser chamado de hiper-calvinista a crer numa
expiação ilimitada.[5]
O calvinista de quatro pontos Chafer, ao enumerar os pontos de concordância entre as duas escolas acerca da extensão da Expiação, inadvertidamente revela a verdade da irrelevância da Expiação Limitada ao sistema TULIP: “A crença de um grupo é que Deus provê salvação para os eleitos a fim de que os eleitos possam ser salvos. A crença do outro grupo é que Deus proveu salvação para todos os homens a fim de que os eleitos possam ser salvos.”[6] Então, qual é a diferença? Se apenas os “eleitos” serão salvos, faz alguma diferença por quem Cristo morreu? Reconhecendo esta flagrante inconsistência, os calvinistas de cinco pontos condenam vigorosamente seus “primos”:
Frequentemente tenho pensado que, para
ser um calvinista de quatro pontos, é preciso que a pessoa não entenda pelo
menos um dos cinco pontos. É difícil imaginar que a pessoa possa entender os
outros quatro pontos do calvinismo e negar a expiação limitada. Existe sempre a
possibilidade, contudo, da feliz inconsistência pela qual as pessoas sustentam
diferentes pontos de vista ao mesmo tempo.[7]
Alguns têm tentado manter a eleição e a
soberana obra do Espírito Santo, mas ao mesmo tempo negam a expiação limitada.
Tal teoria leva a uma disjunção contrária às Escrituras entre a obra do Pai, do
Filho e do Espírito Santo.[8]
Gerstner
insiste que a rejeição da Expiação Limitada “é na realidade um indicativo de um
total afastamento do Calvinismo.”[9]
Assim, ele ataca impetuosamente seu companheiro calvinista Chafer por negar a
Expiação Limitada.[10]
Mas mesmo o arminiano Robert Shank vê a inconsistência do Calvinismo de quatro
pontos: “Por que Jesus carregaria os pecados daqueles que não têm qualquer
perspectiva de perdão e cujo destino inevitável é, pelo decreto de Deus, a
perdição eterna?”[11]
A negação da Expiação Limitada por alguns calvinistas conclusivamente demonstra
que ela não é essencial ao sistema TULIP.
[1] Good,
Calvinists, p. 67.
[2] Custance,
p. 149.
[3] Good,
Calvinists, p. 69.
[4] Tom
Ross, Abandoned Truth, p. 103.
[5] Pink,
Sovereignty, p. 261.
[6] Chafer,
Theology, vol. 3, p. 186.
[7]
Sproul, Eleitos de Deus, pp. 151, 152.
[8] Palmer,
p. 50.
[9] Gerstner,
Wrongly Dividing, p. 105.
[10] Ibid.,
pp. 118-121.
[11] Shank,
Life in the Son, p. 354.
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