segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Por que sofremos pelo pecado de Adão?

 Por que sofremos pelo pecado de Adão?

 

Capítulo 1 do livro Why Does God Allow Evil? Compelling Answers for Life´s Toughest Questions escrito por Clay Jones

 

Quando se trata da questão do mal, um dos maiores problemas é este: Por que devemos sofrer pelo pecado de Adão?[1] De fato, como poderia ser justo que todos nós sofrêssemos pelo pecado que algum casal distante cometeu há muito tempo? Para encontrar a resposta, devemos ir ao livro dos começos, o livro de Gênesis, e considerá-lo seriamente.

 

O Cenário

 

Em Gênesis 2: 16-17, lemos que “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Então o versículo 25 diz: “E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.”[2] Deus deu-lhes apenas uma proibição: Não coma da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Eu acho que eles acharam tudo isso muito bom. Tudo o que Adão e Eva tinham que fazer o dia todo era jardinar e brincar com o único membro fisicamente perfeito do sexo oposto e completamente nu da criação. A vida não era tão ruim!

É importante enfatizar isso porque Deus é a favor do prazer - na verdade, Ele criou todos os prazeres. C.S. Lewis, em seu livro satírico The Screwtape Letters, em que um [demônio] tentador sênior instrui um tentador jovem sobre como tentar os Cristãos, escreveu: “Nunca se esqueça de que quando estamos lidando com qualquer prazer em sua forma saudável, normal e satisfatória, estamos, em certo sentido, no terreno do Inimigo.” Isso, escreve o tentador sênior coisa-ruim, é porque o prazer é “invenção dele, não nossa. Ele criou todos os prazeres: todas as nossas pesquisas até agora não nos permitiram produzir nenhum.”[3]

Isso mesmo - Deus criou todos os prazeres, incluindo o desfrutar de comida, bebida e sexo. Davi louvou ao Senhor nos Salmos dizendo que “na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente.” (Salmo 16:11). Então, repetindo, Adão e Eva tiveram uma vida boa - muito boa.

Mas isso não durou muito tempo.

Logo aprendemos em Gênesis 3: 4-5 que havia uma serpente no jardim que disse à mulher: “Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”. Aí está. Deus havia dito: "Não coma ou você vai morrer." Mas esta serpente inspirada por Satanás diz à mulher que, não apenas ela não morrerá, mas que a vida deles será melhor.[4] Em outras palavras, a serpente diz a Eva que Deus não está agindo em favor do melhor interesse do primeiro casal. Satanás diz a eles que Deus está retendo algo que, de outra forma, os beneficiaria.

Não é assim que os adolescentes costumam pensar? Eles reclamarão com os pais: "Você é mau. Outros pais deixam seus filhos fazerem isso!” Esses adolescentes estão dizendo que seus pais não estão agindo em favor de seu melhor interesse e estão escondendo algo que, de outra forma, os beneficiaria. Lembro-me de pensar isso também quando era adolescente!

Estou convencido de que Deus arquitetou a família, antes de mais nada, de forma que seja um microcosmo do que está acontecendo no universo maior. Pais e adolescentes têm a oportunidade de ver, em suas próprias interações, muito do que está acontecendo quando se trata do agir de Deus em favor do nosso melhor interesse. É importante para os pais, então, certificarem-se de que não digam aos filhos não apenas porque não querem ser desobedecidos, mas deixar claro quando realmente for o caso de que algo não trará nenhum benefício. Ao agirem assim, os pais mostram como Deus trata a humanidade. As proibições de Deus são para o nosso bem, não porque Ele seja indolente ou egoísta.

Aparentemente, Eva decidiu que Deus não estava agindo em favor do melhor interesse dela. Assim, lemos em Gênesis 3: 6: “E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.” E, claro, descobriram que Satanás mentiu para eles. Nos versículos 7 a 8, lemos sobre o que aconteceu a seguir: “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim”. Em outras palavras, em vez de se sentirem como deuses, a nudez os constrangia. Eles eram agora incapazes de ter a comunhão íntima com Deus que antes desfrutavam.

Então Deus anunciou a punição por causa da desobediência, e isso explica muito sobre por que sofremos. Em Gênesis 3:16, Ele disse à mulher: “Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos;[5] e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” Portanto, há duas punições: a primeira é que a gravidez agora será muito dolorosa (isso provavelmente também inclui tudo relacionado à gravidez, tais como os problemas reprodutivos femininos). A segunda punição é que o desejo da mulher será para seu marido, ou seja, ele agora a dominará. Que o marido governasse sua esposa não fazia parte do plano original, e o mundo desde então tem testemunhado muitos homens tratarem as mulheres de maneira severa e injusta.[6]

 

A Origem do Mal Natural

 

Embora o aumento da dor durante a gravidez seja um mal natural, há mais coisas a acrescentar. Em Gênesis 3: 17-19, o Senhor disse a Adão: “Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.”[7] Assim, em resposta ao pecado de Adão, o Senhor amaldiçoou a terra. O professor de Antigo Testamento Robert R. Gonzalez destaca que “assim como 'ter filhos' é uma figura de linguagem do papel mais amplo da mulher como mãe e esposa, 'o solo' não limita a maldição de Deus meramente à esfera da agricultura ... Deus está retirando sua bênção irrestrita e impondo uma maldição sobre a ordem de encher e subjugar a terra ...”[8]

Assim, mais tarde, em Gênesis 5:29, lemos sobre “a terra que o Senhor amaldiçoou”. O mal natural entrou no mundo porque Deus amaldiçoou a terra em resposta ao pecado de Adão. De fato, que pestilência - mofo, decomposição, câncer e assim por diante - não pode ter se originado apenas pelo fato de Deus olhar para o planeta Terra e dizer: "Eu te amaldiçoo"?

Que a criação está sob maldição é explicado em Romanos 8: 19-23:

 

Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.

 

Observe várias coisas. Primeiro, a sujeição da criação à futilidade e corrupção ocorreu claramente por causa da Queda.[9] Caso contrário, seria necessário defender que embora em Gênesis 1 o Senhor tenha chamado cada dia de Sua criação de “bom” (Gênesis 1: 4,10,12,18, 25), e então tenha resumido Seu trabalho criativo geral como "muito bom" (versículo 31), o que Ele queria dizer com "muito bom" era que a criação estava sujeita a "futilidade" e "corrupção", e que estava "gemendo" e que os animais estavam morrendo de câncer, etc. Nada na narrativa da criação sugere isso.

Além disso, o apóstolo Paulo relacionou a futilidade e a corrupção da criação ao homem. Como professor de Novo Testamento, James D.G. Dunn explica:

 

O ponto que Paulo está presumivelmente destacando, através de uma linguagem um tanto obscura, é que Deus seguiu a lógica de sua proposição de sujeitar a criação ao homem, sujeitando-a ainda mais em conseqüência da queda do homem, para que pudesse servir como um contexto apropriado para o homem caído: um mundo fútil para envolver a mente fútil do homem ... Há uma desordem, uma desconexão sobre a ordem criada que a torna uma habitação adequada para o homem em conflito com seu criador.[10]

 

Esta é, de fato, nossa experiência com o planeta Terra. Há algo desesperadamente errado com a criação, e a esperança de sua renovação está ligada à revelação dos filhos de Deus. A criação está gemendo e o homem geme enquanto interage com a criação.

Considere também que os comentários de Paulo sobre a corrupção da criação estão no contexto de Romanos 5:12: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram." Assim como a obra de Jesus na cruz acabará por libertar os seres humanos da morte física, a criação também será libertada de sua escravidão naquele momento. Por essas e outras razões, a grande maioria dos estudiosos do Novo Testamento relaciona Romanos 8 a Gênesis 3.[11]

Em segundo lugar, “criação” se refere a absolutamente tudo, exceto aos seres sencientes. O comentarista John Murray observou,

 

Os anjos não são incluídos porque não foram submetidos à vaidade e ao cativeiro da corrupção. Satanás e os demônios não estão incluídos porque não podem ser considerados como ansiosos pela manifestação dos filhos de Deus e não compartilharão da liberdade da glória dos filhos de Deus. Os próprios filhos de Deus não estão incluídos porque são distintos da "criação ..."[12]

 

O professor de Novo Testamento Douglas J. Moo diz que o uso de “'nós mesmos' - claramente exclui os crentes do escopo da criação”, então “[com] a maioria dos comentaristas modernos, acho que a criação aqui denota a criação ‘subumana’”[13] A criação, então, é, novamente, todo o resto. O professor de Novo Testamento Robert H. Mounce escreve: “Atualmente, no entanto, todo o universo está em dores de parto como se estivesse dando à luz.”[14]

O fenômeno da criação sendo libertada da corrupção, conforme declarado em Romanos 8, é elucidado em Colossenses 1. Lá, Jesus é identificado como “a imagem do Deus invisível”, e somos informados de que “nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele.” (versículos 15-16). Os versículos 19-20 continuam a dizer: “Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus”.

Claramente, algo deve ter acontecido no relacionamento de Jesus com a criação - caso contrário, por que "todas as coisas ... no céu e na terra" precisariam ser reconciliadas com Jesus, a menos que não tenham sido conciliadas anteriormente? “Todas as coisas” devem incluir tudo na criação subumana, mas se Deus originalmente criou tudo fútil e corrompido, mas chamou de “muito bom”, então o que há para Jesus reconciliar consigo mesmo? Ninguém precisa ser reconciliado com nada, a menos que antes estivessem em desacordo mútuo. Assim, a separação de “todas as coisas”, da criação, de Jesus, só poderia ter ocorrido por causa da queda de Adão.

Terceiro, Deus sujeitou a criação à corrupção. Como Murray aponta, “Nem Satanás nem o homem poderiam tê-la sujeitado em esperança; somente Deus poderia tê-la submetido com tal desígnio.”[15] Da mesma forma, Moo escreve que“ Paulo deve estar se referindo a Deus, o único que tinha o direito e o poder de condenar toda a criação à frustração por causa do pecado humano.”[16]

Mas as desgraças humanas não param com o Senhor amaldiçoando a terra. Então o Senhor fez uma coisa final que selou o destino da humanidade. Em Gênesis 3: 22-23, lemos: “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.”[17] Então o Senhor amaldiçoou o solo, provavelmente permitindo todos os tipos de pestilências, e então Ele expulsou Adão e Eva do Jardim, removendo-os do poder rejuvenescedor da Árvore da Vida.

E temos ido a funerais desde então.[18]

Quando se trata do mal natural, muitas pessoas presumem erroneamente que quando Deus disse: "No dia em que você comer, certamente morrerá", acrescentou Ele, "ao dormir em uma idade avançada de causas naturais." Mas ele não disse isso. Ele apenas disse "você certamente morrerá". E se alguém morre com oito meses de idade, ou dezoito anos, ou oitenta e oito anos de idade, todos nós vamos morrer. Aqui estão algumas notícias difíceis: apenas uma coisa irá impedi-lo de assistir absolutamente todas as pessoas que você conhece de morrer por homicídio, acidente ou doença, e essa será a sua própria morte por homicídio, acidente ou doença.[19] Tenha um bom dia! Mas, sério, essa é uma dura verdade.

Claro, essa observação não é exclusivamente Cristã! É a mesma para todas as outras religiões e filosofias. Você pode se tornar um ateu e acrescentar: “então os vermes comerão seu corpo”. Ou você pode se tornar um Hindu ou um Budista e então morrer e renascer repetidamente e indefinidamente.

Por causa de seu pecado, Adão transmitiu a nós as únicas coisas que ele poderia transmitir: carne como a dele, comunhão interrompida com Deus e um mundo de adversidades que leva à morte. Como Adão passou apenas a carne, os seres humanos são presas de Satanás e seus demônios.[20] Adão nos deu tudo, mas tudo o que ele podia dar era uma carne como a dele - carne fraca, corrupta e moribunda.

Esta é a má notícia.

 

Por que Adão Pecou?

 

Uma pergunta que as pessoas fazem com frequência é: como seria possível que Adão e Eva pecassem se eles foram criados sem pecado? O teólogo John Hick opina: “É impossível conceber que seres humanos totalmente bons em um mundo totalmente bom se tornem pecadores. Dizer que sim é postular a autocriação do mal ex nihilo! Deve ter havido alguma falha moral na criatura ou em sua situação para criar a tensão da tentação ... ”[21] Mas não há nada de misterioso aqui. Como C.S. Lewis explica: “No momento em que você tem um eu, existe a possibilidade de se colocar em primeiro lugar - querer ser o centro - querer ser Deus, de fato. Esse foi o pecado de Satanás e esse foi o pecado que ele ensinou à raça humana.”[22] O filósofo e teólogo William A. Dembski explica ainda:

 

Precisamente porque uma vontade criada pertence a uma criatura, essa criatura, se suficientemente reflexiva, pode refletir sobre sua condição de criatura e perceber que não é Deus. A condição de criatura implica restrições às quais o Criador não está sujeito ... A questão então surge naturalmente: Deus, o Criador, negou à criatura alguma liberdade que poderia beneficiá-la? Adão e Eva pensaram que a resposta a essa pergunta era sim (Deus, ao que parecia, havia negado a eles a liberdade de conhecer o bem e o mal). Assim que a criatura responde sim a esta pergunta, sua vontade se volta contra Deus. Assim que isso acontecer, a vontade se tornará má. Enquanto antes o mal era apenas uma possibilidade, agora o mal se tornou uma realidade. Em suma, o problema do mal começa com o pensamento de que Deus é mau por "restringir um potencial maior". O impulso de nossa cultura secular moderna de abandonar as restrições sempre que possível encontra suas raízes aqui.[23]

 

Concordo com Dembski, com uma pequena ressalva: discordo que a vontade se volte contra Deus quando se responde "sim a esta pergunta". Em vez disso, a vontade se volta contra Deus quando se responde sim, e então se toma medidas para tentar remediar a situação. Em outras palavras, isso acontece quando um ser decide que Deus está retendo algo que o beneficiaria e então decide conseguir o que deseja contra a vontade de Deus. Caso contrário, pela definição de Dembski, Adão e Eva teriam pecado antes de comerem da fruta. Comer da fruta seria um pecado subsequente, e não é isso que a Bíblia ensina.

 

Por que sofremos pelo pecado de Adão?

 

Então, vimos que quando Adão pecou, Deus amaldiçoou a terra, permitindo assim todos os tipos de pestilências. Então Deus expulsou Adão e Eva do jardim, removendo-os assim do poder rejuvenescedor da Árvore da Vida. Mas isso ainda não responde à pergunta de por que todos nós sofremos pelo pecado que esse casal cometeu há milhares de anos. Como isso pode ser justo?

Na verdade, muitos argumentam que o ensino sobre o pecado original não é apenas injusto, é psicologicamente prejudicial. Como disse o guru da auto-estima Nathaniel Brandon, “A ideia do Pecado Original ... é anti-auto-estima por sua própria natureza. A própria noção de culpa sem vontade ou responsabilidade é um ataque à razão, bem como à moralidade.”[24] O filósofo Ian McFarland resume desta forma: “A ideia de que somos todos culpados por causa do delito de um ancestral é vista como moralmente ultrajante e historicamente inconcebível, resumindo para muitos tudo o que há de errado com o Cristianismo.”[25] Da mesma forma, o teólogo John Hick afirma: “A política de punir toda a raça humana sucessora pelo pecado do primeiro par é, pelos melhores padrões morais humanos, injusta e não fornece nada que possa ser reconhecido por esses padrões como uma teodicéia.”[26] Mas Adão e Eva mantêm um relacionamento singular com cada um de nós, e o pecado original faz sentido se pensarmos profundamente a respeito.

 

O Cabeça Federal ou Representante

 

Várias explicações sobre como nos relacionamos com Adão têm mérito. Primeiro, Adão é nosso representante federal, ou cabeça.[27] Frequentemente, ao longo da história, um cabeça era escolhido para representar um país. Uma vez que este chefe tenha sido escolhido, ele pode declarar guerra sem fazer com que os cidadãos individuais do país votem ou apoiem. Da mesma forma, Adão foi o chefe/cabeça federal da raça humana e escolheu rebelar-se contra Deus, tornando assim sua raça rebelde. O fato de não termos votado individualmente para fazer de Adão o líder da nossa raça não importa, porque Deus sabe quem pode nos representar melhor. Além disso, se Deus soubesse que todos nós teríamos agido da mesma forma, Ele não cometeu nenhum erro ao escolher uma pessoa para nos representar.[28]

Além disso, como o teólogo sistemático William G.T. Shedd colocou: “O pecado de Adão ... é imputado à posteridade da mesma forma que a justiça de Cristo é imputada ao crente - ou seja, imerecida e gratuitamente.”[29] De fato, os Cristãos que ainda possam pensar que sofrer pelo pecado de Adão é injusto deve lembrar que não era justo que Cristo morresse por eles. Agora, embora a chefia federal seja uma explicação parcial para o motivo do porquê sofrermos pelo pecado de Adão, eu não me importaria em discutir esse ponto com um ateu. Razões mais persuasivas estão à disposição.

 

União Realística ou Seminal

 

Em segundo lugar, todos nós temos uma união realista, ou seminal, com Adão, então realmente estávamos “presentes em Adão quando Adão pecou. Toda a humanidade estava nos 'lombos de Adão' quando ele se rebelou, e uma vez que estávamos realmente presentes em seu pecado, também somos culpados de seu pecado.”[30] Estar ontologicamente presente tornava o pecado de Adão imputável a nós da mesma maneira, como Shedd descreve nessa analogia que "a mão ou o olho age e peca no ato assassino ou luxurioso da alma individual."[31]

Hebreus 7: 9-10 nos diz que “E, por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que recebe dízimos, pagou dízimos. Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai quando Melquisedeque lhe saiu ao encontro”. Se Levi não estava de forma alguma presente em Abraão, então como se poderia dizer que ele deu dízimo a Melquisedeque? Primeira Coríntios 15:22 nos diz que “todos morrem em Adão” e somos todos descendência, a raça de Adão. Como Shedd escreveu: “Morrer em Adão tanto espiritual quanto fisicamente supõe a existência em Adão tanto no que diz respeito à alma quanto ao corpo.”[32] Da mesma forma, o teólogo Millard J. Erickson escreveu:

 

Portanto, estávamos presentes na forma germinativa ou seminal em nossos ancestrais; em um sentido muito real, estávamos lá em Adão. Sua ação não foi apenas a de um indivíduo isolado, mas de toda a raça humana. Embora não estivéssemos lá individualmente, ainda assim estávamos lá. A raça humana pecou como um todo. Portanto, não há nada de injusto ou impróprio em recebermos uma natureza corrompida e a culpa de Adão, pois estamos recebendo os resultados justos de nosso pecado. Esta é a opinião de Agostinho.[33]

 

Leva tempo para envolver a mente em torno deste conceito, mas vale a pena gastar tempo pensando sobre o tema.

Shedd disse que não se pode sustentar a liderança federal ou representativa e a identidade seminal porque se estivéssemos realmente presentes, não precisaríamos de um representante.[34] Mas acho que ambas podem ser verdadeiras porque, embora estivéssemos realmente presentes quando Adão pecou, nós não tínhamos consciência individualizada no momento do pecado de Adão; portanto, Adão também pode servir como nosso representante.

 

Traducianismo

 

Terceiro, e relacionado à perspectiva de união realista (ou seminal) mencionada acima, há uma resposta mais convincente para o porquê de sofrermos pelo pecado de Adão e Eva: eles são nossos primeiros pais, nossos pais originais, e nós somos eles. Para entender por que sofremos por seus pecados, devemos ter clareza sobre o assunto. Provavelmente todos que estudam o tema, leram sobre reprodução sexual. Muitos de nós já reproduzimos e outros tem esperança de reproduzir uma dia. Adão e Eva se reproduziram sexualmente. Somos a reprodução sexual de Adão e Eva. Como Jesus disse em João 3: 6, “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”. Em outras palavras, uma vez que Adão e Eva pecaram, e então tiveram uma natureza decaída, eles só puderam reproduzir sua própria queda. Eles não conseguiam reproduzir algo melhor do que eles próprios.

Recebemos nossas almas de Adão e Eva. Na verdade, recebemos nossas consciências de Adão e Eva. Afinal, de onde veio nossa consciência? Obviamente, se Deus não existe, então obtemos nossa consciência de nossos pais. Há algo na união do espermatozóide com o óvulo que pode produzir um ser consciente. Mas se você acredita que Deus existe, isso não muda o fato da origem da sua consciência - você ainda a recebeu de seus pais, que a herdou de seus pais, e assim por diante, desde Adão e Eva. Esse conceito de que você recebeu sua alma de Adão e Eva - na verdade, que em um sentido muito real você é Adão e Eva - é chamado de Traducianismo.

O termo traducianismo vem da palavra latina tradux, que é traduzida como videira. Da mesma forma que uma videira transfere sua natureza inerente, de sua própria raiz a todos os caules e folhas subsequentes, transmitimos nossas almas aos nossos descendentes quando nos reproduzimos. Agostinho explicou bem:

 

Pois todos nós estávamos naquele homem ... A natureza seminal estava lá a partir da qual deveríamos ser propagados; e este sendo viciado pelo pecado, preso pela cadeia da morte, e justamente condenado, o homem não poderia nascer em qualquer outro estado. E assim, do mau uso do livre arbítrio, originou-se toda a cadeia do mal, que, com sua concatenação de misérias, transporta a raça humana desde sua origem depravada, como de uma raiz corrupta, até a destruição da segunda morte, que não tem fim, apenas sendo excluídos aqueles que são libertos pela graça de Deus.[35]

 

Millard Erickson colocou da mesma forma: “A totalidade de nossa natureza humana, tanto física quanto espiritual, material e imaterial, foi recebida de nossos pais e ancestrais mais distantes por meio da descendência do primeiro par de seres humanos.”[36] Isso não significa que cada espermatozóide tem uma alma e cada óvulo tem uma alma. J.P. Moreland explica como funciona o Traducianismo:

 

O Traducianismo segue o modelo da antiga doutrina Aristotélica da mudança substancial, na qual duas coisas se juntam, têm o potencial de formar uma substância inteiramente nova em conjunção uma com a outra e deixam de existir quando a nova substância passa a existir. Portanto, cada espermatozóide e cada óvulo têm potencialidades anímicas para formar um novo corpo com alma quando se unem. Portanto, não é a alma do pai e da mãe que é relevante, mas as potencialidades do óvulo e do esperma.[37]

 

Portanto, não é que cada espermatozóide e cada óvulo tenham uma alma, mas que os dois se combinam para formar uma alma.

Shedd disse corretamente sobre o Traducianismo que “a preponderância da representação bíblica o favorece”.[38] Eva foi “tirada do homem” (Gênesis 2: 22-23), e não há indício de que Deus enviou uma alma para ela. Como disse Shedd, "a fêmea foi produzida em sua totalidade sobrenaturalmente a partir do macho".[39] Depois, Gênesis se refere a Eva como "a mãe de todos os viventes" (3:20) e diz de Adão que ele "gerou um filho à sua semelhança, conforme sua imagem” (5: 3). Em outras palavras, seus filhos, ou mesmo uma parte substancial de seus filhos, a partir de então não são criados ex nihilo (do nada), mas são oriundos da reprodução sexual deles.

Como vimos antes, Jesus disse em João 3: 6: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”. Até nascermos de novo, somos apenas carne adâmica que precisa nascer do alto (João 3: 3,7; 1 Pedro 1:23). Jesus disse em João 8:23: “Vós sois de baixo; Eu sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo." Em outras palavras, as almas humanas não são especialmente criadas por Deus e não vêm "de cima". Estas e outras passagens apóiam que herdamos nossas almas de Adão e Eva.[40] Existem muitos outros argumentos a favor do Traducianismo, mas eles estão fora do escopo desta pesquisa.[41]

Agora, há alguns que argumentam contra o Traducianismo e defendem o criacionismo especial (a visão de que Deus cria uma alma especialmente no momento da concepção e envia essa alma para o concebido). Mas Efésios 2: 3 diz que somos todos “por natureza filhos da ira”. Se nossas almas foram especialmente criadas por Deus, então o criacionista especial está numa posição estranha para explicar por que Deus criaria uma alma perfeita e então a enviaria para a carne Adâmica, que imediatamente a corrompe e a torna digna da ira de Deus.[42]

Mesmo que eu tenha defendido que recebemos nossas almas de Adão e Eva, o resto da teodicéia que apresentarei não depende de alguém que se apegue ao Traducianismo. Na verdade, pode-se ser um criacionista especial e aceitar a todo o argumento que se segue. A única questão divergente é, como eu disse, o criacionista especial tem que explicar algo que o traducianista não precisa: Por que Deus criaria uma alma perfeitamente boa - a base de quem você realmente é como um ser - apenas para enviá-la à carne Adâmica para ser imediatamente corrompida e, portanto, merecedora da ira de Deus? De qualquer maneira, a alma é corrompida na concepção. O Traducianismo, entretanto, remove um passo extra da teodicéia.

O fato de termos recebido nossas almas de Adão e Eva é particularmente problemático para aqueles que têm um forte senso do individualismo Ocidental. Muitos de nós gostamos de pensar que somos todos unidades individuais não conectadas a todas as outras. Mas existe uma união orgânica entre todos nós. A propósito, em minhas interações com alunos da Ásia, descobri que eles não lutam para aceitar esse senso de identidade corporativa tanto quanto os Ocidentais.

Eu costumava me perguntar por que a Bíblia não menciona Adão com mais frequência, quando ele é tão importante para nossa existência. Então aprendi que a palavra adão ocorre com certa regularidade no Antigo Testamento, e a razão de não percebermos isso é que as Bíblias inglesas traduzem a palavra hebraica adão como "homem" ou "humano". Em outras palavras, aqueles que lerem o texto Hebraico verão a palavra/nome adão/Adão em todo o Antigo Testamento. Por exemplo, a frase “filho do homem” é usada cerca de 250 vezes no Antigo Testamento, e a palavra Hebraica traduzida para “homem” em todas essas ocasiões é adão. Por exemplo, o Senhor disse em Ezequiel 14: 12-14,

 

Filho do homem [adão], quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens [adão] e animais. Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS.

 

Assim, o leitor do Antigo Testamento Hebraico não ficaria confuso sobre nossa identidade com Adão.[43]

O que tudo isso significa, então, é que todos nascemos com uma natureza inclinada ao pecado. De fato, Davi confessou no Salmo 51: 5: “Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe”. Na aula, mostro aos meus alunos uma capa de um álbum em preto e branco de Lady Gaga com cor apenas em seus lábios vermelhos em metálico. Seus cabelos platinados despenteados, sua boca aberta como em um rosnado, sua sombra preta com uma faixa espessa de olhos intensos sublinhados dão a ela uma aparência selvagem e voraz, e o título do álbum é Born This Way [nascido dessa forma]. E a isso eu digo: "Oh, sim, você foi!" Todos nós nascemos assim.

Independentemente de como se chega à doutrina do pecado original, ela tem grande poder explicativo. Como disse o filósofo Alvin Plantinga: “A doutrina do pecado original foi verificada nas guerras, crueldade e ódio geral que caracterizaram a história humana desde o seu início até o presente.”[44] Até o ateu Michael Ruse concorda: “Acho que o Cristianismo está certo sobre o pecado original - como alguém poderia pensar de outra forma, quando o povo mais civilizado e avançado do mundo (o povo de Beethoven, Goethe, Kant) abraçou aquele Hitler e participou do Holocausto?”[45]

Às vezes as pessoas perguntam como Jesus poderia ter nascido sem uma natureza pecaminosa, se o Traducianismo for verdadeiro, pois Ele teria herdado uma natureza pecaminosa de Maria. Francamente, não vejo problema. Deus certamente é capaz de resolver esse ponto, especialmente porque com a concepção de Jesus, o esperma do homem não estava presente. Além disso, Gênesis nos diz que aquele que pisará a cabeça serpente virá da semente/descendência da mulher (Gênesis 3:15). O Senhor poderia facilmente ter dito que aquele que pisaria a cabeça da serpente viria da semente/descendência tanto do homem quanto da mulher, mas Ele não revelou assim. É inteiramente possível que a natureza pecaminosa seja passada através do esperma do homem e não do óvulo da mulher.

Agora, é claro, Deus poderia ter feito de outra maneira, mas não precisamos saber o mecanismo exato que Deus usou, assim como não preciso entender de aerodinâmica para viajar de avião. Tudo o que é importante para nossos propósitos presentes é o fato de que a semente de Adão foi corrompida. No próximo capítulo, examinaremos o mal devastador que a família de Adão perpetrou.

Já tive pais de crianças reclamando que não há nenhuma maneira possível de que seus pequenos pacotes de alegria terem nascidos corrompidos - eles são tão fofos. Mas a maioria das pessoas que têm filhos mais velhos - mais velhos tipo "os terríveis dois anos" - percebem que isso é falso. Como disse Agostinho: “A única característica inocente dos bebês é a fraqueza de suas estruturas; as mentes das crianças estão longe de ser inocentes.”[46] Isso é correto, não é? Na aula, mostro uma imagem de um bebê irado de rosto vermelho e os alunos sempre riem. Bebês enfurecidos não são bons, e é bom que eles não possuam corpos que pudessem causar danos reais! Dito isso, embora bebês certamente possuam uma natureza pecaminosa, isso não significa que, quando zangados, estão realmente cometendo pecados, já que realmente não tem consciência disso.

Portanto, a condição humana, quando se trata de bondade, é esta: Todo mundo nasce com uma natureza pecaminosa. E da perspectiva de Deus, a semente de Adão não merece viver - mesmo quando são pequenos - porque seu fruto fora de Cristo é sempre venenoso. Isso não significa que os pequenos estejam perdidos, mas que não merecem viver. A verdadeira questão a respeito dos bebês é sobre o destino eterno deles, e esse tema é examinado no capítulo “What Is the Destiny of the Unevangelized?” ["Qual é o destino dos não evangelizados?"]

Já ouvi pessoas dizerem: "Bem, se do ponto de vista de Deus, os filhos não merecem viver, então por que você não é a favor do aborto?" A resposta é simples: mesmo que as crianças sejam corrompidas pelo pecado, elas ainda são criadas à imagem de Deus (embora essa imagem seja manchada pelo pecado), e Deus reserva para Si mesmo o direito de tirar a vida de uma pessoa. Não conheço nenhum teólogo Cristão que acredite que o pecado original oblitera completamente a imagem de Deus, mas essa imagem certamente foi corrompida.[47] Que todos nós fomos corrompidos pelo pecado e somos merecedores da condenação são as más notícias. A boa notícia é que em Cristo, você não é apenas perdoado de seus pecados, você tem uma união orgânica com Jesus. E a semente de Cristo sempre merece o céu, mesmo que ainda não tenha dado muito fruto, porque como a semente de Cristo, eventualmente dará muito fruto (presumindo que haja tempo suficiente para que isso aconteça).

Às vezes, as pessoas gritam: "Você está me dizendo que o guarda nazista que matou milhares estará no céu se confiar em Cristo antes de morrer?" Eu respondo: “Sim, ele será salvo assim como o médico abortista que matou milhares estará no céu se ele se arrepender e confiar em Cristo antes de morrer. Não só isso, mas todas as pessoas que foram favoráveis ao trabalho do médico abortista legalizado para que ele pudesse continuar sugando, raspando e escaldando crianças até a morte também serão salvas se se arrependerem e confiarem em Cristo antes de morrer.”[48] Nunca vi ninguém insistir neste ponto.

Outra objeção que tenho ouvido com freqüência é esta: "Mas Deus não poderia ter criado outra pessoa que não tivesse pecado?" Mas foi isso que Deus fez! Claro, Jesus não foi criado, mas Ele se tornou homem e guardou todos os mandamentos de Deus perfeitamente. E agora, ao confiar em Jesus, todos podemos ser salvos! De fato, o Novo Testamento chama Jesus de "o último Adão". Romanos 5: 14-15 diz que Adão era “a figura daquele que havia de vir. Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.”[49] Da mesma forma, em 1 Coríntios 15: 22, 45 aprendemos que “porque, assim como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão vivificados ... O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente; o último Adão tornou-se um espírito vivificante”. Mas quando Jesus veio, a humanidade havia sido educada pelo horror do pecado e da corrupção. A essa altura, muitos perceberam que eram pecadores desesperados (exceto aqueles como os fariseus, que pensavam que todos eram pecadores desesperados, exceto eles próprios).

Considere as semelhanças entre a tentação de Eva e a tentação de Jesus. Gênesis 3: 6 diz: “A mulher viu que a árvore era boa para se comer ...” (“os desejos da carne” 1 João 2:16); Mateus 4: 3 diz que depois de Jesus jejuar 40 dias, Satanás disse a Ele: “Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.”

Depois em Gênesis 3: 6 diz que o fruto “agradou aos olhos” (“o desejo dos olhos” 1 João 2:16); Mateus 4: 8-9 diz que “o diabo levou [Jesus] a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a sua glória. E ele disse a Jesus: “Tudo isso te darei, se prostrado me adorares”.

E, por fim, Gênesis diz que Eva viu que “a árvore era desejável para dar entendimento” (“a soberba da vida” 1 João 2:16); da mesma forma, Mateus 4: 6 diz que Satanás disse a Jesus: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.

Jesus enfrentou todas essas tentações sem pecado. Ele é o "último Adão" - o único de que precisaremos.

Às vezes, as pessoas reclamam que nós não escolhemos nascer pecadores. Isso é verdade - não tivemos escolha, assim como as pessoas nascidas em famílias de alcoólatras, famílias empobrecidas ou famílias de má reputação não tiveram escolha. Mas podemos nos voltar para Jesus, o último Adão, e nascer de novo em uma nova família e receber uma nova natureza.[50]

 

A tragédia pode se tornar uma bênção

 

Quando o jogador de futebol americano do Philadelphia Eagles Jon Dorenbos tinha 12 anos, seu pai espancou sua mãe, Kathy, até a morte com uma ferramenta elétrica. O pai de Jon foi condenado a 13 anos de prisão. A irmã de Kathy, Susan, ganhou uma intensa batalha legal para obter a custódia de Jon e sua irmã. No programa America’s Got Talent, onde Jon estava realizando uma mágica, sua tia e mãe, Susan, disse sobre o incidente que "a pior tragédia da minha vida se tornou no meu maior presente".[51] Algo verdadeiramente trágico também pode se tornar em uma bênção.[52]

Existe no Cristianismo o que é chamado de tradição Ó felix culpa. Ó felix culpa é o latim para "A queda afortunada". Em outras palavras, embora o pecado de Adão tenha sido trágico - e foi realmente trágico - o Senhor o usou para o bem. A Queda preparou o caminho para o Vencedor celestial, o Herói Cósmico Jesus, vencer Satanás, o mal e a morte. Jesus é o esmagador de serpentes.

Há mais do que isso. Paulo concluiu Romanos com uma advertência de que devemos “estar atentos aos que causam divisões e criam obstáculos contrários à doutrina que vos foi ensinada; Evite-os." Ele disse que “com palavras suaves e lisonjas enganam o coração dos ingênuos” (Romanos 16: 17-18). Foi o que Satanás fez, certo? Satanás trouxe divisão ao mundo, ao fazer separação do homem com Deus e fazer inimizades entre os homens. Então, no versículo 19, Paulo disse, em uma alusão clara à Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal: “E quero que sejais sábios no bem, mas simples no mal”. Por fim, Paulo disse no versículo 20 que “o Deus de paz em breve esmagará Satanás debaixo dos vossos pés”. Em outras palavras, Jesus não é apenas o esmagador de serpentes; nos juntamos a Jesus para esmagar Satanás sob nossos pés!

Para resumir, Adão e Eva são nossos pais. Eles pecaram, se reproduziram e aqui estamos. Mas se esses fatos ainda são horríveis para você - e deveriam ser - então leve a sério a lição cósmica aqui: Odeie o pecado! E o pecado deve levá-lo a confiar no último Adão, Jesus, o único que pode salvá-lo do seu pecado.

 

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Fonte:

 

JONES, Clay. Why Does God Allow Evil? Compelling Answers for Life´s Toughest Questions. Eugene, Oregon: Harvest House Publishers, 2017

 

Tradução Walson Sales

 

[Nota do tradutor: a tradução deste capítulo tem a intenção precípua de buscar editoras interessadas em comprar os direitos autorais e publicar a obra completa em português. Os demais objetivos são para informar os amantes de Teologia e Filosofia sobre assuntos correlatos diversos e suas conexões e interseções.]

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Notas:

[1] Às vezes, as pessoas se perguntam por que falamos sobre o pecado de Adão, e não o pecado de Adão e Eva. A resposta é que a Escritura sempre culpa Adão (por exemplo, Romanos 5:12: “Portanto, assim como o pecado veio ao mundo por um só homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens porque todos pecaram”). Além disso, os olhos de Eva não foram "abertos" até que Adão também tenha comido.

[2] NVI.

[3] C.S. Lewis, The Screwtape Letters (New York: HarperCollins, 1996), 44.

[4] A maioria dos teólogos não acha que a serpente era o próprio Satanás, mas apenas que Satanás falou por meio da serpente da mesma maneira que falou por meio de Pedro a Jesus quando Pedro disse: “Isso nunca acontecerá com você”, mas Jesus respondeu: “Para atrás de mim, Satanás! " Mateus 16: 21-23. Veja Apocalipse 12: 9 para a identificação de Satanás com a serpente.

[5] Observe que "multiplicar" a dor significa que naturalmente havia dor como parte da criação original de Deus de Adão e Eva. Assim, a dor não é um mal em si.

[6] O movimento de libertação das mulheres não ajudou. Um importante estudo de 2009 concluiu que as mulheres estão cada vez mais infelizes: “Por muitas medidas objetivas, a vida das mulheres nos Estados Unidos melhorou nos últimos 35 anos, mas mostramos que as medidas de bem-estar subjetivo indicam que a felicidade das mulheres diminuiu absolutamente e em relação aos homens. O paradoxo do declínio do bem-estar relativo das mulheres é encontrado em vários conjuntos de dados, medidas de bem-estar subjetivo e é generalizado em grupos demográficos e países industrializados. Os declínios relativos na felicidade feminina corroeram uma lacuna de gênero na felicidade, na qual as mulheres na década de 1970 geralmente relatavam um bem-estar subjetivo maior do que os homens. Esses declínios continuaram e uma nova lacuna de gênero está surgindo - com maior bem-estar subjetivo para os homens”. Betsey Stevenson e Justin Wolfers, “The Paradox of Declining Female Happiness,” National Bureau of Economic Research, acessado em 22 de julho de 2016, http://www.nber.org/papers/w14969.pdf. Para mais informações, consulte Clay Jones, “Women's Liberation and Female Unhappiness,” Clay Jones blog, 23 de junho de 2011, http://www.clayjones.net/2011/06/woman%E2%80%99s-%E2%80%9Cliberação%E2%80% 9D-and-female-unhappiness/

[7] Gordon Wenham traduz como "A terra está amaldiçoada" e mais tarde se refere a ela como "a maldição no solo ..." Gordon J. Wenham, Gênesis 1-15, Word Biblical Commentary (Grand Rapids: Zondervan, 1987), 82. Não há nenhum sentido em dizer que a maldição significa que Adão fará o mal com a terra, amaldiçoando-a assim. Com relação à maldição do solo, Bruce K. Waltke escreve que “a relação natural do homem com o solo - governá-lo - é invertida; em vez de se submeter a ele, ela resiste e, eventualmente, o engole.” Bruce K. Waltke, Genesis: A Commentary (Grand Rapids: Zondervan, 2001), 95. Kenneth A. Matthews escreve que “a punição revela que o pecado do homem é a causa da 'maldição' contra o solo, resultando em sua colheita de espinhos e cardos ... O solo agora será seu inimigo, em vez de seu servo.” Kenneth A. Matthews, Gênesis 1-11: 26, New American Commentary (Nashville: Holman Reference, 1996), 252. Walter Bruggemann, ao comentar Gênesis 5:29, chama-o de "o solo amaldiçoado por Deus ..." Walter Brueggemann, Genesis, Interpretation: A Bible Commentary for Teaching and Preaching (Atlanta: John Knox, 1982), 69.

[8] Robert R. Gonzales, Jr., Where Sin Abounds: The Spread of Sin and the Curse in the Book of Genesis with Special Focus on the Patriarchal Narratives (Eugene, OR: Wipf & Stock, 2009), 48. Gonzalez explica, “É difícil ... escapar da avaliação abrangente de Paulo sobre o escopo da maldição: 'Pois a criação (ή κτίσις) foi submetida à futilidade' e está em 'escravidão para a decadência'. Além disso, 'toda a criação (πασα ή κτίσις), ‘análogo à mulher,' tem gemido as dores do parto até agora' (Rm 8: 20-22). Conseqüentemente, Paulo, seguindo o ensino de Gênesis e o resto do AT, acreditava que o pecado humano tinha ramificações ecológicas. Assim, Deus toca Adão naquele ponto de sua vida relacionado ao foco principal de seu papel de cumprir o mandato da criação. O homem deveria governar o solo com alegria e sucesso. Agora o solo governará sobre ele ... Portanto, as palavras de Yahweh devem ser lidas como uma prescrição da punição do homem, não apenas como uma descrição do resultado da desobediência do homem." Ibid., 48-49, 50.

[9] Não está tão claro exatamente o que aconteceu ao nosso mundo na Queda, mas defendo a posição Cristã histórica de que foi a Queda que foi a origem da maioria, senão de todas, as pestes e doenças que atualmente encontramos. Mas isso causa um problema para aqueles que defendem a visão da terra antiga (como disse na introdução, assumo uma posição agnóstica em relação à idade da terra, mas afirmo que Adão e Eva foram especialmente criados por Deus). O problema, para aqueles que defendem a visão da terra antiga, é que se a terra é mais velha do que Adão e Eva, então surge a pergunta: como explicar a morte de animais e outras doenças que podem ter ocorrido antes da queda?

Existem três respostas possíveis. Em primeiro lugar, embora seja difícil imaginar que o câncer e uma infinidade de outras doenças fizessem parte da terra "muito boa" de Deus, isso não significa que aqueles que defendem uma visão da terra antiga possam não estar corretos no que diz respeito as placas tectônicas e ao vulcanismo e, portanto, até mesmo terremotos podem ter feito parte da terra “muito boa” de Deus (placas tectônicas, vulcanismo e terremotos podem ter piorado como resultado da Queda - quem sabe?). Afinal, fora do Jardim do Éden, o homem recebeu a ordem de “subjugar” a terra, o que sugere, no mínimo, que a terra precisava ser subjugada. Portanto, algumas das coisas que consideramos males naturais, como terremotos, podem ter sido uma parte da criação muito boa de Deus.

Além disso, é possível que a morte animal tenha ocorrido antes da Queda como parte da boa terra de Deus. Embora eu não tivesse mencionado nada sobre a idade da Terra enquanto falava em uma igreja em San Diego, fui encurralado (não há maneira melhor de dizer) por um casal de criacionistas dos seis dias literais que insistiram que eu deveria tomar uma posição sobre a idade da terra. Uma das perguntas que eles fizeram foi se os animais que comem uns aos outros poderiam fazer parte da boa criação de Deus. Minha resposta foi: “Talvez”. A Escritura não diz que não houve predação de animais antes da queda - especialmente fora do jardim (Romanos 5:12 não precisa se aplicar a não-humanos). Assim, a intuição do criacionista dos seis dias literais de que a predação dos animais não poderia ter sido uma parte da terra "muito boa" de Deus não passa de intuição. Além disso, se a morte animal não tivesse precedido a Queda, não tenho certeza de como Adão e Eva poderiam ter entendido o aviso de Deus: "No dia em que você comer do fruto, você certamente morrerá", já que eles nunca tinham visto um animal morrer. Além do mais, Jesus, em Seu corpo pós-ressurreição, comeu peixe (Lucas 24: 42-43). Em vez de peixe, Jesus poderia ter comido um croissant, mas o Senhor da glória comeu peixe. Ademais, a Bíblia nos diz que comeremos carne no céu (Isaías 25: 6). Eu percebo que "carne" pode ser metafórico nessa passagem, mas se vamos entender esse versículo literalmente (como os criacionistas dos seis dias literais tendem a insistir), então comeremos carne no céu. Novamente, não estou dizendo que essas coisas devam ser assim; Estou apenas dizendo que é logicamente possível que a predação e a morte de animais ocorreram antes da queda.

Em segundo lugar, se a terra é antiga, então é lógica e escrituristicamente possível que Deus tenha permitido que certos males naturais (como predação animal e doenças) ocorressem em antecipação à Queda. Assim, William A. Dembski pode estar correto ao dizer que Deus permitiu que o mal natural ocorresse antes e em antecipação à Queda. Dembski escreve: “Ao fazer uma abordagem retroativa à Queda, que traça todo o mal no mundo de volta ao pecado humano (até o mal que antecede o pecado humano), a teodicéia que desenvolvo preserva a visão tradicional de que o mal natural é uma consequência da Queda." William A. Dembski, The End of Christianity: Finding a Good God in an Evil World (Nashville: B&H, 2009), 130. Além disso, Dembski destaca que se a terra é antiga, “por que colocar Adão e Eva em um jardim que é separado do resto da terra se o resto da terra não for afetado pelo mal natural? Nesse caso, toda a terra não seria um jardim, um paraíso? Parece que a visão retroativa da queda explica algumas coisas que permanecem anômalas na visão da terra jovem.” William A. Dembski, "Old Earth Creationism and the Fall," Christian Research Journal 34-4 (2011), acessado em 12 de agosto de 2016, http://www.equip.org/article/old-earth-creationism-and-the-fall/.

Terceiro, embora eu não veja como isso poderia ser aplicado à morte de animais, a teoria da lacuna é bíblica e logicamente possível. A teoria da lacuna é a ideia de que existe uma “lacuna” entre Gênesis 1: 2 e o resto do capítulo 1. Em resumo, o argumento defende que Deus criou os céus e a terra em Gênesis 1: 1, mas então diz em Gênesis 1 : 2a que, "A terra era sem forma e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo." Muitos interpretam “sem forma e vazia” como significando que a criação se tornou, em certo sentido, corrompida. Como disse o professor de Antigo Testamento e hebraico Allen P. Ross: “Na primeira parte de Gênesis 1: 2, há um tom agourento e desconfortável. As cláusulas descrevem não os resultados da criação divina, mas um caos no estágio inicial deste mundo. Não é o propósito do Gênesis dizer ao leitor como o caos surgiu ... O expositor deve tirar algumas conclusões de outras passagens com descrições semelhantes. Se alguém pode postular que a queda de Satanás (Ezequiel 28) trouxe o caos na criação original de Deus, então Gênesis 1 descreve uma recriação, do primeiro ato de redenção de Deus, salvando seu mundo e criando todas as coisas novas.” Allen P. Ross, Creation and Blessing: A Guide to the Study and Exposition of Genesis (Grand Rapids: Baker, 1988), 107.

[10] James D.G. Dunn, Word Biblical Commentary Volume 38A: Romans 1–8 (Dallas: Word, 1988), 487-488.

[11] Por exemplo, Douglas J. Moo chama essa passagem de Romanos de uma "referência óbvia à narrativa de Gen. 3". Douglas J. Moo, The Epistle to the Romans, The New International Commentary on the New Testament, ed. Gordon D. Fee (Grand Rapids: Eerdmans, 1996), 515. Por outro lado, John Murray diz que esses versículos são "certamente o comentário de Paulo sobre Gênesis 3:17, 18." John Murray, The Epistle to the Romans: The English Text with Introduction, Exposition and Notes, The New International Commentary on the New Testament, gen. ed. F.F. Bruce (Grand Rapids: Eerdmans, 1980, reimpressão 1959), 303. Ainda outro, Robert H. Mounce escreve que “porque Adão desobedeceu comendo o fruto proibido, Deus amaldiçoou o solo (Gn 3: 17-18; cf. 5 : 29). A obra redentora completa de Deus inclui a reversão desta maldição.” Robert H. Mounce, New American Commentary: Volume 27 — Romans (Nashville: B&H, 1995), 184. James D.G. Dunn também chama essa passagem de Romanos de uma "alusão clara às narrativas da criação e da queda do homem / Adão ..." James D.G. Dunn, Word Biblical Commentary Volume 38A: Romans 1-8 (Dallas: Word, 1988), 487.

[12] Murray, The Epistle to the Romans, 301-302. Ênfase do autor.

[13] Moo, The Epistle to the Romans, 514.

[14] Robert H. Mounce, Romans, 185.

[15] Murray, The Epistle to the Romans, 303.

[16] Moo, The Epistle to the Romans, 516.

[17] NVI.

[18] Alguns ficaram preocupados com o fato de que Adão e Eva não morreram imediatamente quando comeram o fruto, mas isso é semelhante a 1 Reis 2: 36-37: “Depois mandou o rei, e chamou a Simei, e disse-lhe: Edifica-te uma casa em Jerusalém, e habita aí, e daí não saias, nem para uma nem para outra parte. Porque há de ser que no dia em que saíres e passares o ribeiro de Cedrom, de certo que sem dúvida morrerás; o teu sangue será sobre a tua cabeça.” Simei mais tarde cruzou o vale e Salomão o matou quando recebeu a notícia do que havia acontecido. Como escreve Blocher: "Esta passagem prova o significado da expressão hebraica: 'naquele dia você cairá sob o poder de uma sentença de morte'. A advertência não implicava a ameaça de morte que seria executada imediatamente. A sentença do juiz está em perfeita concordância com sua advertência anterior.” Da mesma forma, aqui na América, a expressão “Homens mortos caminhando” é usada para se referir àqueles que aguardam a execução na prisão. Henri Blocher, In the Beginning: The Opening Chapters of Genesis (Downers Grove, IL: InterVarsity, 1984), 184.

[19] Incluo o suicídio como auto-morte.

[20] Leia Efésios 2: 1-3; 1 João 3: 8-10; 2 Timóteo 2:26; Atos 26:18.

[21] John Hick, Evil and the God of Love (New York: Palgrave Macmillan, 2007), 250.

[22] C.S. Lewis, Mere Christianity (New York: HarperOne, 1996, reprint 1952), 49.

[23]. William A. Dembski, The End of Christianity: Finding a Good God in an Evil World (Nashville: B&H, 2009), 27-28.

[24] Nathaniel Brandon, The Six Pillars of Self-Esteem (New York: Bantam, 1994), 148.

[25] Ian A. McFarland, In Adam’s Fall: A Meditation on the Christian Doctrine of Original Sin (West Sussex: Wiley-Blackwell, 2010), ix.

[26] Hick, Evil and the God of Love, 249.

[27] Às vezes também chamado de união forense.

[28] A ideia de que Deus teria que colocar bilhões de seres humanos que já existiram em seus próprios Edens para enfatizar o fato de que todos teriam feito o mesmo é boba.

[29] William G.T. Shedd, Dogmatic Theology, 3d ed., ed. Alan W. Gomes (Phillipsburg, NJ: P&R, 2013), 435.

[30] Clay Jones, “Original Sin: Its Importance and Fairness,” Christian Research Journal 34-6 (2011), acessado em 29 de Agosto de 2016, http://www.equip.org/article/original-sin-its-importance-and-fairness/.

[31] Ibid., 564.

[32] Ibid., 442.

[33] Millard J. Erickson, Christian Theology, 2d ed. (Grand Rapids: Baker, 1998), 652.

[34] Na verdade, Shedd argumentou: “Se a posteridade estivesse presente, como a união natural implica, ela não poderia ser representada; pois isso supõe ausência. Se eles estivessem ausentes, como indica a união representativa, eles não poderiam estar presentes”. Shedd, Dogmatic Theology, 436. Mas, novamente, eu afirmo que estávamos realmente lá, contudo, em certo sentido, não estávamos porque não tínhamos consciências individuais.

[35] Agostinho, The City of God, trans. Marcus Dods (New York: Modern Library, 1950), 422-423. Alguns dos versículos usados para apoiar o fato de que herdamos uma natureza pecaminosa são os seguintes: Romanos 7:14: “Porque sabemos que a lei é espiritual, mas eu sou da carne, vendido sob o pecado.” Romanos 7:20: “Agora, se faço o que não quero, já não sou eu que o faço, mas o pecado que habita em mim.” Romanos 7:25: “Com a minha carne sirvo à lei do pecado.”

[36] Erickson, Christian Theology, 654.

[37] Da correspondência pessoal com o ilustre professor de filosofia em Talbot, J.P. Moreland, em 14 de maio de 2014.

[38] Shedd, Dogmatic Theology, 438.

[39] Ibid, 439.

[40] Para uma exposição mais completa, veja Shedd, Dogmatic Theology, 438-444.

[41] Para argumentos teológicos a favor do Traducianismo, veja Shedd, Dogmatic Theology, 444ff.

[42] Embora seja verdade que muitos teólogos ortodoxos se apegaram à criação especial, não é surpresa que o herege Pelágio (nascido c. 354 - falecido depois de 418), defendia que os seres humanos não herdaram uma natureza pecaminosa de Adão, também era um criacionista especial.

[43] C.S. Lewis ilustrou este ponto na série as Crônicas de Nárnia, onde ele se refere aos seres humanos como “filhos de Adão” ou “filhas de Eva.”

[44] Alvin Plantinga, Warranted Christian Belief (Oxford: Oxford University, 2000), 207.

[45] Michael Ruse, “Darwinism and Christianity Redux: A Response to My Critics,” Philosophia Christi 4 (2002), 192. Ruse continua: “Acho que São Paulo e os grandes filósofos Cristãos tiveram percepções reais sobre o pecado, a liberdade e a responsabilidade, e quero construir sobre essas ideias, em vez de me afastar delas”. Ibid.

[46] Santo Agostinho de Hipona, Confessions: With an Introduction and Contemporary Criticism, trans. Maria Boulding, ed. David Vincent Meconi (San Francisco: Ignatius, 1997), 13. Book 1, chapter 7. Agostinho continua: “Observei e experimentei por mim mesmo o ciúme de uma criança: ela não conseguia nem falar, mas olhava com fúria lívida para seu companheiro de infância. Todo mundo já viu isso ... Isso deve ser considerado inocência, essa recusa em tolerar um rival por uma fonte de leite ricamente abundante ... Comportamentos desse tipo são alegremente tolerados, no entanto, não porque seja trivial ou de pouca importância, mas porque todos sabem que vai desaparecer à medida que o bebê crescer.” Ibid.

[47] Embora seja verdade que alguns teólogos dirão que a imagem de Deus foi completamente perdida na Queda, em outros lugares eles irão modificar essa fala e dizer “quase completamente” perdida. Como escreve o professor de bioética John F. Kilner, “Quando Lutero não estava descartando totalmente a imagem, ele a caracterizava como 'quase completamente perdida', com apenas características 'remanescentes débeis e quase completamente obliteradas' deixadas. Johann Gerhard também admitiu que, no máximo, alguns "pequenos resquícios" da imagem permanecem. Calvino se referiu de forma mais consistente a uma imagem quase perdida da qual meros 'traços' ou um 'remanescente ou lineamentos' permanecem. O resultado foi um entendimento influente nos círculos protestantes, de que os seres humanos pecaminosos virtualmente perderam a imagem de Deus.” John F. Kilner, Dignity and Destiny: Humanity in the Image of God (Grand Rapids: Eerdmans, 2015), 164.

[48] Embora eu não esteja dizendo que não há verdadeiras conversões no leito de morte (o ladrão na cruz se enquadraria nessa categoria), suspeito que elas são raras e que aqueles que estão mergulhados no mal raramente se envolvem em verdadeiro arrependimento pouco antes de suas mortes.

[49] Robert H. Mounce: “Ele é um 'tipo' no sentido de que, como Cristo, ele é o chefe corporativo de uma raça de pessoas. Enquanto todos estão em Adão em virtude do nascimento na família humana, somente aqueles que pela fé se tornam membros da nova humanidade estão em Cristo.” Mounce, Romans, 142, 132n.

[50] “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus.” 1 João 3:8-10

[51] Susan Hindman, “Judge cuts night one,” America’s Got Talent, Season 11, Episode 8, July 12, 2016, accessed 7-21-2016, http://www.nbc.com/americas-got-talent/video/judge-cuts-night-1/3065048.

[52] Jon Dorenbos também é palestrante motivacional e compartilha sua perspectiva: “Abracei tudo o que aconteceu na minha vida. Sem ressentimentos, sem raiva. Superei todas essas coisas. Estar agora nesta fase da minha carreira e ajudar as crianças ou qualquer pessoa que tenha passado pelo que já passei - e infelizmente isso acontece muito mais do que as pessoas pensam e você percebe, depois que algo traumático acontece, que de forma alguma você está sozinho - é algo que estou feliz em fazer”. Jon Dorenbos, “Dorenbos Shares Story On National TV”, The Official Site of the Philadelphia Eagles, August 18, 2014, accessed July 21, 2016, http://www.philadelphiaeagles.com/news/dave-spadaro/article-1/Dorenbos-Shares-Story-On-National-TV/06f005fd-af9b-43b3-bc5c-02064b697cdb.

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