Steve Witzki
A
obra da conversão é sempre iniciada pela graça de Deus. John Wesley acreditava
que a graça preveniente de Deus tinha a intenção de ser para todas as pessoas.
Ele disse "a graça ou o amor de Deus, de onde vem a nossa salvação, é
LIVRE EM TODOS e LIVRE PARA TODOS".
A
necessidade dessa graça preveniente está baseada na condição caída do homem.
Wesleyanos e Calvinistas estão em acordo fundamental sobre a depravação do
homem. De fato, o mandamento para se arrepender e crer, encontrado em toda a Escritura,
seria impossível se não fosse pela graça de Deus.
Enquanto
os calvinistas distinguem entre graça comum e graça especial, eles ensinam que apenas
a graça especial é a graça salvadora. A graça especial é estendida apenas aos
eleitos e é irresistível [segundo os Calvinistas]. Os wesleyanos não encontram
nenhuma base bíblica para as distinções teológicas de graça comum e especial.
Em vez disso, os Wesleyanos ensinam uma graça preliminar ou preveniente. A doutrina da graça preveniente quebra a
cadeia da necessidade lógica ensinada pelos calvinistas. A palavra preveniente
ou que vem antecipadamente vem de duas palavras latinas que significam vir antes. A graça preveniente capacita
o pecador a aceitar ou rejeitar o dom da salvação proporcionado por meio de
Cristo.
A
doutrina wesleyana da graça preveniente simplesmente se refere à graça de Deus
que antecede ou precede qualquer movimento do homem para com Deus. A graça
brota do amor altruísta do Pai pela humanidade perdida (João 3: 16-18) e é
mediada através da vida ativa e da morte obediente do Filho. O Espírito Santo
administra a obra consumada do Filho através de sua obra de reconciliação,
conversão, regeneração e justificação nos corações dos pecadores arrependidos
(João 16: 8-11).
A Bíblia ensina graça preveniente?
João 1: 9
ensina que Cristo trouxe luz suficiente para iluminar graciosamente cada
pessoa. A iluminação não garante a salvação de ninguém, mas torna possível a
escolha da salvação. John Wesley descreveu "o primeiro desejo de agradar a
Deus, o primeiro alvorecer de luz em relação à sua vontade e a primeira, leve e
passageira convicção de ter pecado contra ele." Tudo isso, disse Wesley, "implica
alguma tendência à vida, algum grau de salvação, o princípio da libertação de
um coração cego e insensível". Enquanto todos podem não ter a mesma
quantidade de luz, aqueles que perderem o céu, perderão com base em que eles
rejeitaram qualquer quantidade de luz que eles receberam.
Não
haveria necessidade de uma expiação universal se todos não tivessem a
oportunidade de aceitar a salvação. João 12:32 declara que todos os homens são
atraídos para Cristo. Esta atração graciosa é resistível, mas fornece a todas
as pessoas a oportunidade para crer. O verbo grego helkuo não significa que Deus arrasta irresistivelmente os eleitos
para a fé. "Não há pensamento aqui de força ou magia, o termo
figurativamente expressa o poder sobrenatural do amor de Deus ou Cristo que sai
para todos (12:32), mas sem o qual ninguém pode vir (6:44)", escreve Oepke
no volume um do Dicionário Teológico do Novo Testamento de Kittel. A ideia de
uma atração seletiva contradiz a linguagem universalista usada em todo o
Evangelho de João e em todo o Novo Testamento.
Em
João 16: 8-11 vemos que o ministério
contínuo do Espírito é convencer (elencho)
todo o mundo caído da humanidade de seu pecado de incredulidade. O motivo do
Espírito para este trabalho é dirigir o culpado para a redenção. Elencho significa: "mostrar a
alguém o seu pecado e convocá-lo ao arrependimento" [Theological
Dictionary of the New Testament, 2: 474]. O objetivo final dessa convicção
é restaurar as relações entre as pessoas (Mateus 18:15, 1 Timóteo 5:20, 2
Timóteo 4: 2, Tito 1:13, 2:15, João 8:46) ou entre uma pessoa e Deus (por
exemplo, João 16: 8, Hebreus 12: 5) [The Complete Biblical Library,
Greek-English Dictionary, 12: 373]. As pessoas jamais veriam sua
necessidade de um Salvador sem que o Espírito as convencesse do pecado que as
separa de um Deus santo.
Romanos 2: 4
ensina que Deus continua a conduzir (presente) pecadores ao arrependimento. Até
mesmo o teólogo calvinista Charles Hodge, em seu comentário sobre Romanos,
interpretou este versículo como ensinando graça preveniente. Contudo, ele negou
as implicações dessa doutrina. O versículo seguinte indica que, enquanto Deus
conduz, o homem pode recusar ser conduzido. Não podemos concluir que esta graça
é simplesmente graça comum, não destinada a conduzir os homens à salvação,
porque o objetivo desta condução é o arrependimento, o primeiro passo da
conversão. E o versículo sete promete que o objetivo desta condução é a vida
eterna.
Enquanto
Tito 2:11 diz que a graça de Deus se
manifestou a todos os homens, não podemos concluir que todos os homens serão
salvos. No entanto, essa graça não pode ser explicada simplesmente como
"graça comum". O propósito dessa graça era trazer a salvação. Embora
seja a vontade de Deus que todos os homens sejam salvos (1 Tm 2: 4), a graça
que se manifesta a todos é resistível.
Portanto,
concluímos com John Fletcher que "toda a nossa salvação é de Deus, toda a
nossa condenação é de nós mesmos".
Fonte:
http://www.fwponline.cc/v18n2/v18n2witzki.html
Tradução Walson Sales
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