Por Walson Sales
Nos dias atuais há uma necessidade urgente de
líderes cristãos que estejam comprometidos com o discernimento da verdade, a
defesa da fé e a proteção do rebanho de Deus. Essa obra nem sempre é fácil, nem
agradável, mas é sempre necessária. Os cristãos devem identificar e fazer
oposição ao erro doutrinário e espiritual por uma razão principal: porque Deus
nos comissiona para esta obra. Já no primeiro século, na época do Novo
Testamento, o Corpo de Cristo foi atacado por seitas e falsos mestres, e as
epístolas nos dão repetidos avisos acerca de impostores espirituais. A epístola
de Judas, nos versículos 3 e 4, exorta-nos a batalhar diligentemente, pela fé
que uma vez por todas foi entregue aos santos, pois certos indivíduos se
introduziram com dissimulação. A fé cristã já tinha seus inimigos.
Embora o termo tenha sido ultimamente popularizado
por várias instituições de pesquisas religiosas, ainda assim a conceituação
correta permanece restrita apenas aos círculos acadêmicos teológicos. Faz-se
necessário resgatar o seu verdadeiro sentido, para uma correta conceituação. O
que é apologética? Para que serve? Onde empregá-la? Antes de adentrarmos à definição
propriamente dita, precisamos averiguar o que NÃO significa apologética.[1]
1.
Apologética não é a crítica pela crítica.
2.
Apologética não é intolerância religiosa.
3.
Apologética não é ataque puro e simples.
Portanto, vamos a
Etimologia: A palavra apologética vem da palavra grega apologeisthai, que
significa "uma defesa verbal." É usada oito vezes no Novo Testamento:
At. 22.1;25.8; 25.16; ICo. 9.3; IICo. 7.11; Fp. 1.7,16; II Tm. 4.16.
Apologia significa resposta ou pergunta ao juiz de
um tribunal, da parte do acusado. A apologia
de Sócrates, por exemplo, respondia aos que o acusavam. Da mesma
maneira, o cristianismo teve que se expressar em forma de respostas a certas
acusações particulares. Os apologistas foram os que se entregaram a essa tarefa
sistematicamente.[2] Enquanto a apologia trata-se de simplesmente justificar ou
defender a fé, a apologética ultrapassa este senso comum e procura por meio de
processos racionais e sistemáticos, apoiada em outras ciências, defender
cientificamente o Cristianismo. A Apologética perpassa por diversas áreas tais
como: teologia, filosofia, biologia, arqueologia, história, antropologia,
matemática e linguística, etc. Nestas áreas ela pode estudar lógica,
manuscritos, línguas originais da Bíblia, teoria da evolução etc. A apologética
sempre está em via de transformações e aperfeiçoamentos.
Como Conceito:
É a habilidade de responder fundamentado com provas adequadas e sólidas
à fé cristã perante os ataques das filosofias seculares e crenças religiosas.
Embasamento bíblico
Apologética não é uma opção deixada ao crente para
que decida, sem qualquer implicação, se quer ou não realizá-la. Igualmente,
também não é uma recente característica ou tendência da fé cristã
contemporânea. Mais propriamente, a apologética figura como um elemento
essencial da Bíblia. Cerca de 90% de todo o Novo Testamento foi escrito com
finalidade apologética. Grande parte das epístolas aludem a questões que
perpassam à essa temática. Há vários versículos no Novo Testamento que permitem
um correto embasamento bíblico para o ministério apologético. São eles:
"Antes
santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da
esperança que há em vós" (I Pe. 3.15)
"...estes
por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho" (Fp.
1.16)
"Amados,
enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação
que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar
pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos" (Jd.
1.3)
"...retendo
firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto
para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes" (Tt.
1.9)
Um Contraponto - O Testemunho Do Espírito Santo
Embora seja verdade que a apologética é
indispensável a um ministério cristão bem sucedido há, no entanto, de ser
esclarecido que a apologética se torna desnecessária para que a fé cristã seja
garantida.
O teólogo Francis Schaeffer vai mais adiante e argumenta
que a apologética não deve ser usada como um conjunto de regras fixas e
impessoais, mas que a explanação da fé deve estar sujeita à direção do Espírito
Santo e à consciência da individualidade de cada pessoa.
Mas não se segue daí que a apologética Cristã seja,
portanto, inútil ou não tenha nenhum benefício para garantir a fé Cristã.
O Dr. John Warwick Montgomery, apologeta cristão de
grande proeminência, destaca que a apologética não pode substituir a fé e muito
menos suplantar a ação do Espírito Santo, entretanto, ela atua como um
instrumento indispensável que elucida as verdades bíblicas, ajudando a
preservá-las. Ao mesmo tempo em que a Bíblia nos ordena a pregar a palavra a
tempo e fora de tempo, também nos ensina a redarguir, repreender e exortar com
toda longanimidade e doutrina (IITm 4.2). E por que devemos proceder assim? O
versículo seguinte responde: "Porque
virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos
ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências" (IITm 4.3).
Tipos de Apologética
Há uma variedade de estilos e
escolas de apologética Cristã. Os principais tipos de apologética Cristã
incluem: apologética evidencialista, apologética pressuposicional, apologética
clássica, apologética histórica e apologética experimental. Fora estas ainda
temos apologética filosófica, apologética profética, apologética doutrinal,
apologética bíblica, apologética moral, e apologética científica. Dentre
essas,destacamos a Apologética Clássica como foco principal de nossa palestra onde a seguir
conceituamos e apresentamos seus principais argumentos.
Apologética clássica - este tipo de abordagem trabalha com o principal
pressuposto teológico, isto é, a existência de Deus. É essa linha apologética
que vai explorar os argumentos comprobatórios da existência divina. Os
principais argumentos são:
a.) Cosmológico: uma vez
que cada coisa existente no Universo, deve ter uma causa, deve haver um Deus,
que é a última causa de tudo.
b.) Teleológico: existe um
objetivo, um propósito para a criação do Universo e do ser humano.
c.) Ontológico: Deus é
maior do que todos os seres concebidos porque existe na mente do homem um
conhecimento básico da existência de Deus. Os teólogos que se destacaram como
apologistas clássicos foram: Agostinho, Anselmo de Cantuária e Tomás de Aquino.
Argumento Cosmológico - Deus
provê a melhor explicação para a origem do universo.
O argumento cosmológico vem em
uma variedade de formas. Mas aqui iremos abordar dois tipos, o argumento
cosmológico da contingência e o argumento cosmológico Kalam. O argumento
cosmológico da contingência é simples e famoso e é apresentado da seguinte forma:
1 - Tudo o que existe tem uma
explicação de sua existência, ou na necessidade de sua própria natureza ou em
uma causa externa;
2 - Se o universo tem uma
explicação de sua própria existência, essa explicação é Deus;
3 - O universo existe;
4 - Portanto, o universo tem uma
explicação de sua existência (de 1 e 3);
5 - Portanto, a explicação da
existência do universo é Deus (de 2 e 4). (CRAIG, 2010).
Considere a primeira premissa. De
acordo com a premissa 1 existem dois tipos de coisas: que existem necessariamente
e coisas que são produzidas por uma causa externa. Aquilo que existe
necessariamente existem por sua própria natureza. É impossível a elas não
existir. Elas não são causadas por outra coisa, elas existem necessariamente.
Por contraste, as coisas que são trazidas a existência por alguma coisa não
existem necessariamente. Elas existem contingencialmente. Elas existem porque
algo as produziu. Objetos físicos, pessoas, planetas e galáxias pertencem a
esta categoria. A premissa 1 afirma que todas as coisas que existem podem ser
explicadas de uma dessas duas formas.
E a premissa 2? Embora a premissa
2 possa parecer um pouco controversa, o que é realmente estranho para o ateu é
que a premissa 2 é logicamente equivalente a resposta típica do ateu ao argumento
da contingência. Mas pense, duas afirmações são logicamente equivalentes, se é
impossível para uma ser verdade e a outra falsa. Elas permanecem ou caem
juntas. Os ateus sempre atacam a premissa 2 da seguinte maneira: (A) Se o
ateísmo é verdade, o universo não tem nenhuma explicação de sua existência;
(Porém, na explicação do ateísmo, o universo é a realidade última e existe
apenas como um fato bruto. Mas isso é logicamente equivalente a dizer o que
está a seguir) (B) Se o universo tem uma explicação de sua existência, então o
ateísmo é falso. Você não pode afirmar (A) e negar (B). Mas (B) é virtualmente
sinônimo com a premissa 2 (pode comparar as duas). Então dizendo que, dado o
ateísmo, o universo não tem nenhuma explicação, o ateu está implicitamente admitindo
a premissa 2: se o universo tem uma explicação, então Deus existe. Somando a
isso, pense sobre o que o universo é: toda a realidade do espaço-tempo,
incluindo toda a matéria e energia. Segue-se que se o universo tem uma causa de
sua existência, essa causa deve ser um ser não físico, imaterial, além do
espaço-tempo. Existem apenas dois tipos de realidades que cabem nesta
descrição: ou objetos abstratos como números ou uma mente incorpórea, Deus.
Esse argumento prova a existência do Criador do universo que é não-causado,
está fora do espaço, é atemporal, e imaterial.
O argumento cosmológico Kalam
baseado no início do universo é uma versão diferente do argumento cosmológico.
Este nome é dado em homenagem aos pensadores mulçumanos medievais (Kalam é a palavra
árabe para teologia). O argumento ocorre assim:
1. Tudo o que passa a existir tem
uma causa;
2. O universo passou a existir;
3. Portanto, o universo tem uma
causa.
Mais uma vez chegamos a conclusão
de que o universo tem uma causa, então podemos analisar que propriedades essa
causa deve ter e atribuir o seu significado teológico. Novamente, o argumento é
logicamente rígido. Então a única questão é se as duas premissas são mais
plausíveis do que sua negação. A premissa 1 obviamente parece ser verdadeira,
pelo menos mais do que sua negação. Primeiro, ela está enraizada na verdade
necessária que algo não pode vir sem causa do nada. Dizer que algo pode vir
causado do nada é pior do que mágica. A segunda premissa pode ser apoiada tanto
por argumentos filosóficos quanto por evidência científica. O argumento
filosófico objetiva mostrar que não pode ter um regresso infinito dos eventos
passados. Em outras palavras, a série de eventos devem ser finitas e deve ter
tido um inicio. Alguns desses argumentos tentam mostrar que é impossível para
um número infinito de coisas existir; portanto, um número infinito de eventos
passados não pode existir. Outros tentam mostrar que uma série realmente
infinita de eventos passados nunca poderia decorrer; desde que a série de
eventos passados, obviamente decorridos, o número de eventos passados deve ser
finito. A evidência científica para a premissa 2 está baseada na expansão do
universo e nas propriedades termodinâmicas do universo. De acordo com o modelo
do Big Bang da origem do universo, o espaço físico e o tempo, junto com toda a
matéria e energia no universo passou a existir em um ponto no passado 13.7
bilhões de anos atrás.
Dadas as evidências científicas
que nós temos sobre o nosso universo e suas origens, e reforçado por argumentos
apresentados por filósofos por séculos, é altamente provável que o universo
teve um início absoluto. Desde que o universo, como todas as demais coisas, não
poderia meramente ter passado a existir sem uma causa, deve existir uma
realidade transcendente além do tempo e do espaço que trouxe o universo a
existência. Esta entidade deve ser enormemente poderosa. Somente uma mente
transcendente e incorpórea se encaixa adequadamente com esta descrição, como
vimos acima. Para piorar a questão do
Evolucionismo e do Ateísmo como um todo, vamos analisar a cronologia das
descobertas científicas da Origem do Universo. Até 1917, os ateus pensavam que
o Universo era necessário e a matéria era eterna. Quais as implicações desses
pensamentos? Se isso fosse verdade, Deus não existe. Mas em 1917, Albert
Einstein formulou a sua famosa Teoria da Relatividade. Quais as implicações das
descobertas de Einstein? O universo teve origem em um passado finito.
Implicações? Deus existe!
Um dos principais detalhes destas descobertas científicas era que antes
dessa criação, não existia exatamente nada. Nem tempo, espaço ou matéria. O que
diz o livro de Gênesis 1.1? ―No princípio [tempo], criou Deus os céus [espaço]
e a terra [matéria]. A evidência científica confirma o que a Bíblia
já afirmava a milhares de anos atrás. Como as coisas são engraçadas.
Argumento Teleológico - Deus
provê a melhor explicação para o ajuste fino do universo.
A física contemporânea tem estabelecido que o
universo é milimetricamente ajustado para a existência de vida interativa e
inteligente. Ou seja, para que vida inteligente e interativa exista, as
constantes e as quantidades fundamentais da natureza devem estar em uma faixa
incompreensivelmente estreita para permitir a vida. Existem três explicações
rivais a este ajuste fino extraordinário: necessidade física, acaso ou design. Os dois
primeiros são altamente implausíveis, dadas as constantes e quantidades
fundamentais independentes das leis da natureza e as manobras desesperadas
necessárias para salvar a hipótese do acaso. Isto deixa o design como a melhor
explicação. David Wood afirma que existem duas versões principais do
Argumento do Design: (1) o Argumento da Sintonia Fina, e (2) o Argumento da
Complexidade Biológica. Os Físicos estão bem conscientes do fato de que as
constantes no nosso universo parecem tão bem ajustadas para a vida. Se a força
gravitacional, a força nuclear fraca, a força nuclear forte e a força
eletromagnética fossem alterados mesmo levemente, os seres humanos não
existiriam. Desde que não existe nenhuma explicação naturalista em porque estes
valores deveriam estar exatamente corretos para a vida, a sintonia fina do
cosmos fornece uma forte evidência de um projeto inteligente. Um cosmos
ajustado de maneira primorosa para a vida, no entanto, não nos fornece a vida.
Passos adicionais são requeridos para alcançar células vivas, organismos
multicelulares, ecossistemas completos e especialmente seres conscientes, auto
reflexivos. A complexidade de até mesmo o mais básico organismo vivo (deixe
somente a complexidade de vida mais avançada) é evidência adicional de um
projeto inteligente (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 41).
Argumento Moral - Deus
provê a melhor explicação dos valores e obrigações morais objetivas
Mesmo os
ateus reconhecem que algumas coisas, por exemplo, o Holocausto, são
objetivamente más. Mas, se o ateísmo é verdadeiro, que bases existem para a
objetividade dos valores morais que nós afirmamos? Evolução? Condicionamento
Social? Estes fatores podem, na melhor das hipóteses, produzir em nós
sentimentos subjetivos que existem valores e obrigações morais objetivas, mas
eles não fazem nada para prover a base para estes sentimentos. Se a evolução
humana tomou um caminho diferente, um conjunto de sentimentos morais muito
diferentes pode ter evoluído. Em contraste, o próprio Deus serve como o paradigma
de bondade e seus mandamentos constituem nossas obrigações morais. Assim, o
teísmo provê a melhor explicação das obrigações e valores morais objetivos.
Segundo
alguns ateus famosos, aqui estão algumas conseqüências necessárias do ateísmo: Deus
não existe; não existe nada, apenas o mundo físico (Dan Barker – Protestsignatthe Washington State Capital). Os
seres humanos não são nada, apenas máquinas que geraram o DNA (Richard Dawkins – The God Delusion).
A moralidade está baseada em um consenso dos seres humanos (Gordon Stein – “The Great Debate: Does God
Exist?”). Se isso é verdade, então seria impossível considerar as coisas
como absolutos morais, leis da lógica ou a dignidade humana; três coisas que
todos entendemos ser indisputáveis (CÓLON, 2010).
Ora,
se Deus não existe não existem valores morais objetivos. Afirmar que o homem
criou regras não as torna objetivas. Afirmar que valores são produtos da
evolução para a preservação da espécie não torna os valores objetivos. Todos os
seres vivos têm mecanismos de defesa inatos que os leva a luta pela
sobrevivência, e isso também não torna os valores objetivos. Estes mecanismos
não tornam os valores no mundo animal objetivos. Se o ateu não aceita a
objetividade dos valores ele terá que abraçar o Niilismo. Vamos analisar o
problema do mal.
O Problema do Mal a Luz do Ateísmo
C.
Stephen Evans descreve o Problema do Mal com as seguintes palavras:
“Dificuldade colocada pela existência do mal (tanto o mal moral e o mal
natural) em um mundo criado por um Deus que é ao mesmo tempo completamente bom
e todo-poderoso. Alguns ateus argumentam que, se tal Deus existisse, não
haveria mal, uma vez que Deus iria tanto querer eliminar o mal e seria capaz de
fazê-lo. Um argumento que o mal é logicamente incompatível com a realidade de
Deus constitui a forma lógica ou dedutiva do problema. Um argumento que o mal
faz a existência de Deus improvável ou menos provável é chamado de evidencial
ou forma probabilística do problema. As respostas para o problema incluem
teodicéias que tentam explicar por que Deus permite o mal, geralmente,
especificando um bem maior que o mal faz possível, e defesas, que argumentam
que é razoável acreditar que Deus é justificado em permitir o mal, mesmo se não
sabemos quais são suas razões” (2002, p. 42). Mas o ateu tem o direito de
reivindicar o problema do mal? O mal é incompatível com a existência de Deus?
Embora[3]
seja comum pensar que apenas os teístas têm que explicar a existência do mal, a
verdade é que cada visão de mundo tem a mesma obrigação. Religiões panteístas
orientais tentam contornar o problema, negando que o mal existe. O mal é uma
ilusão, eles dizem (e de acordo com eles, você também!). Os teístas dizem que
mal é real e tentam explicar como o mal e Deus podem coexistir. Os ateus tendem
a ficar no meio. De um lado eles estão alegando que não há bem, o mal ou a
justiça, porque só as coisas materiais existem - nós somos apenas máquinas
moleculares materiais "dançando ao som da música" do nosso DNA (como
o próprio Dawkins colocou). Por outro lado eles estão indignados com as grandes
injustiças e o mal feito por pessoas religiosas em nome de Deus [neste exemplo,
os islâmicos].
Bem,
os ateus não podem ter as duas coisas. Ou o mal existe ou não. Se ele não
existir, então os ateus devem parar de reclamar sobre as coisas "más"
que as pessoas religiosas têm feito, porque eles não têm realmente feito nada.
Eles estavam apenas "dançando ao som da música" de seu DNA. Afinal de
contas, se o ateísmo é verdadeiro, todos os comportamentos são apenas uma
questão de preferência. Por outro lado, se o mal realmente existe, então os
ateus têm um problema ainda maior. A existência do mal, na verdade, estabelece
a existência de Deus. Para explicar por que, precisamos voltar para Agostinho,
que intrigado com o seguinte argumento:
1.
Deus criou todas as coisas.
2.
O mal é uma coisa.
3.
Portanto, Deus criou o mal.
Como
poderia um Deus bom criar o mal? Se essas duas primeiras premissas são
verdadeiras, Ele criou, e este é um problema para Deus. Então, Deus não deve
ser bom afinal de tudo. Mas então Agostinho percebeu que a segunda premissa não
é verdadeira. Enquanto o mal é real, ele não é uma "coisa". O mal não
existe por si só. Ele só existe como uma falta ou uma deficiência em uma coisa
boa.
O
mal é como a ferrugem em um carro: Se você tirar toda a ferrugem do carro, você
tem um carro melhor; se você tirar o carro da ferrugem, você não tem nada. Ou
você poderia dizer que o mal é como um corte em seu dedo: Se tirar o corte do
seu dedo, você tem um dedo melhor; se você tirar o dedo do corte, você não tem
nada. Em outras palavras, o mal só faz sentido no contexto do bem. É por isso
que com frequência descrevemos o mal como negações de coisas boas. Nós dizemos
que alguém é imoral, injusto, desleal, desonesto, etc.
Nós
poderíamos colocar desta forma: As sombras provam a luz do sol. Pode haver sol
sem sombras, mas não pode haver sombras sem luz do sol. Em outras palavras,
pode haver o bem sem o mal, mas não pode haver mal sem bem.
Assim,
o mal não pode existir a menos que o bem exista. Mas o bem não pode existir a
menos que Deus exista. Em outras palavras, não pode haver nenhum mal objetivo a
não ser que haja o bem objetivo, e não pode haver nenhum bem objetivo a não ser
que Deus exista. Se o mal é real - como as notícias recentes da França
claramente revelam - então Deus existe. O melhor que o mal pode fazer é mostrar
que há um demônio lá fora, mas não pode refutar Deus.
Apesar
de toda discussão em torno do problema do mal no mundo entre cristãos e suas
diferenças sobre o assunto, o ateu não pode ter razões justificáveis de afirmar
que a existência do mal é incompatível com a existência de Deus. Não por algo
dentro da doutrina cristã, mas pela própria visão de mundo ateísta.
Notas:
[1] Parte
deste trecho da pesquisa sobre Apologética foi retirado e adaptado do Curso de
Apologética Aplicada ministrado pelo Pastor João Flávio Martinez, Presidente do
Centro Apologético Cristão de Pesquisas - CACP. Salvo indicação em contrário
demonstrado por citação.
[2] Nota importante: Apesar dos termos apologia
e apologética serem semanticamente similares são, entretanto,
diferentes. Entendemos que o termo apologética reporta a uma ciência
da apologia. É a ciência que estabelece a verdade do Cristianismo como uma religião
absoluta.
[3] A
partir daqui citarei de forma parafrásica o livro do Frank Turek (2014), ora
denominado (TUREK 2014, p. 115) pela pujança e força no argumento, salvo
indicação em contrário mencionado por citação.
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CRAIG, William Lane; LAW, Stephen. Does God Exist? The Craig-Law debate
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Dinesh. A Verdade sobre o Cristianismo:
Por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável;
[tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes]. Rio de Janeiro: Thomas Nelson
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WALLACE, Stan W (ed.). Does God Exist? The Craig-Flew Debate. Burlington, USA: Ashgate Publishing, 2003
ZACHARIAS,
Ravi. Pode o Homem Viver sem Deus?
São Paulo: Mundo Cristão, 1997
Muito bom professor
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