segunda-feira, 16 de maio de 2022

As Consequências Necessárias do Ateísmo: O Homem não Tem Valor Algum

  

Por Walson Sales

 

Segundo alguns ateus famosos, aqui estão algumas consequências necessárias do ateísmo: Deus não existe; não existe nada, apenas o mundo físico (Dan Barker – Protestsignatthe Washington State Capital). Os seres humanos não são nada, apenas máquinas que geraram o DNA (Richard Dawkins – The God Delusion). A moralidade está baseada em um consenso dos seres humanos (Gordon Stein – “The Great Debate: Does God Exist?”). Se tudo isso é verdade, então seria impossível considerar as coisas como absolutos morais, leis da lógica ou a dignidade humana; três coisas que todos entendemos ser indisputáveis (CÓLON, 2010). Antes de prosseguir, é bom destacar o que significa padrões objetivos de moralidade. Quando debateu com o ateu Stephen Law, Graig trouxe uma definição do que significa o termo: “Por valores morais objetivos, eu quero dizer os valores que são válidos e obrigatórios, quer as pessoas creiam neles ou não. Muitos teístas e ateus concordam que, se Deus não existe, então, os valores e as obrigações morais não são objetivas neste sentido” (CRAIG & LAW, 2011). Paul Copan faz uma analogia sobre o relativismo que cabe bem aqui. Ele menciona que, se um dia alguém se deparar com um grande acidente envolvendo muitos carros, mesmo que ninguém assuma a culpa, sempre haverá um culpado. Mesmo se as autoridades de trânsito não conseguirem encontrar o verdadeiro culpado e ninguém mais se importar, a seguradora irá se importar em encontrar a verdade. A verdade é objetiva, assim como os valores morais. Copan se expressa assim:

 

A verdade é mais do que a nossa comunicação subjetiva de um acidente de carro. Ela tem existência objetiva. Ela tem aplicação universal.

Verdade é verdade - mesmo que ninguém saiba

Verdade é verdade - mesmo que ninguém admita

Verdade é verdade - mesmo que ninguém concorde com ela

Verdade é verdade - mesmo que ninguém a siga

Verdade é verdade - mesmo que ninguém, apenas Deus a mantenha totalmente (COPAN, 2009, p. 20).

 

Considere o argumento seguinte fornecido por David Wood:

 

1.    Se Deus não existe, valores morais objetivos não existem.

2.    Valores morais objetivos existem.

3.    Portanto, Deus existe.

 

A primeira premissa certamente é verdade. Quando nós dizemos que esses são valores morais objetivos, nós estamos dizendo que essas declarações morais são verdadeiras se os seres humanos concordam com elas ou não. Assim, a declaração “o estupro é imoral” ainda seria verdadeira, mesmo se cada ser humano no planeta decidisse o contrário. Mas se os seres humanos não podem servir como o fundamento da moralidade objetiva, o que pode? Somente um ser que transcende completamente os humanos. E sobre a segunda premissa? Interessantemente, mesmo os proponentes do Argumento do Mal, com frequência concedem essa premissa em direção do seu argumento. Dizendo que o sofrimento é mau, os ateus têm admitido que existe um padrão moral objetivo pelo qual nós distinguimos o bem do mal. Maravilhosamente, então, mesmo quando os ateus se levantam contra a existência de Deus, na verdade, eles nos ajudam a provar que Deus existe! (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 41, 42). Resumindo: mesmo que as pessoas no mundo inteiro concordem que estuprar uma criança não é errado, esse entendimento nunca anularia o fato objetivo de que o estupro é objetivamente e absolutamente errado. Já para o ateu, o quadro é mais cruel, difícil. Michael Ruse, filósofo da ciência e ateu, declara:

 

O conceito evolucionista moderno [...] é que os humanos têm consciência de moralidade [...] porque ela é de valor biológico. A moralidade é uma adaptação biológica tanto quanto as mãos, os pés e os dentes...

Considerada um conjunto de afirmações racionalmente justificáveis sobre algo objetivo, a ética é ilusória. Acho interessante notar que, quando alguém diz “ame o seu próximo como a si mesmo”, as pessoas fazem referencia a algo que está acima e além de si mesmas [...] tal referência não possui qualquer fundamento. A moralidade é simplesmente uma ajuda a sobrevivência e à reprodução [...] e qualquer significado mais profundo é ilusório (apud BECKWITH, CRAIG & MORELAND, 2005, p. 297).

 

Segundo esse ateu, que leva o seu ateísmo às últimas consequências, a moralidade é ilusória, apenas uma adaptação biológica. Craig afirma que, se Deus não existe, então, valores morais objetivos não existem. Muitos teístas e ateístas concordam semelhantemente nesse ponto. Por exemplo, Bertrand Russel observou:

 

A ética surge da pressão da comunidade sobre o individuo. O homem…nem sempre sente instintivamente os princípios que são aplicados pelo seu grupo. O grupo, ansioso que o individuo agisse em seu benefício, inventou vários dispositivos para fazer os interesses do individuo alinharem-se com os do grupo. Um desses…é a moralidade (apud WALLACE, 2003).

 

Craig conclui, em outro lugar, que,se Deus não existe, então qualquer base para considerar a moralidade evoluída do bando entre os Homo sapiens objetivamente verdadeira parece ter sido removida. Os seres humanos são simplesmente subprodutos acidentais da natureza, que evoluíram num tempo relativamente recente de uma partícula de poeira perdida em algum lugar de algum universo hostil e abandonado, os quais estão destinados a morrer individual e coletivamente em um período relativamente pequeno. Uma ação qualquer – digamos o estupro – não pode ser socialmente vantajosa e, assim, no curso da evolução humana, tornou-se tabu. Contudo, na visão ateísta, é difícil enxergar porque existiria algum erro em estuprar alguém. Colocando as coisas de maneira grosseira, na visão ateísta os seres humanos são simplesmente animais, e os animais não são agentes morais (BECKWITH, CRAIG & MORELAND, 2005, p. 597-599). Há, portanto, uma grande diferença entre um ser humano e um animal, pois o ser humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, o homem é livre, tem o direito à escolha, tem intelecto, emoção, vontade, consciência e razão.

 

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Referências e notas:

 

BECKWITH, Francis J., CRAIG, Willian Lane & MORELAND, J. P. Ensaios apologéticos (J. F. Cristófalo, trad.). São Paulo: Hagnos, 2006

CÓLON, Brian. Atheism: A Falsified Hypothesis. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-atheism-falsified-hypothesis-by.html, acessado em 14/04/2022

COPAN, Paul. True for You, But Not for Me: Overcoming Objections to Christian Faith. Revised edition. Minneapolis, Minnesota: Bethany House, 2009

CRAIG, William Lane; LAW, Stephen. Does God Exist? The Craig-Law debate (2011). Recuperado de: http://www.reasonablefaith.org/does-god-exist-the-craig-law-debate, acessado em 14/04/2022

DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History, Philosophy and Science. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010

WALLACE, Stan W (ed.). Does God Exist? The Craig-Flew Debate. Burlington, USA: Ashgate Publishing, 2003

 

 

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