Por Walson Sales
Segundo
alguns ateus famosos, aqui estão algumas consequências necessárias do ateísmo:
Deus não existe; não existe nada, apenas o mundo físico (Dan Barker – Protestsignatthe
Washington State Capital). Os seres humanos não são nada, apenas máquinas
que geraram o DNA (Richard Dawkins – The God Delusion). A moralidade
está baseada em um consenso dos seres humanos (Gordon Stein – “The Great
Debate: Does God Exist?”). Se tudo isso é verdade, então seria impossível
considerar as coisas como absolutos morais, leis da lógica ou a dignidade
humana; três coisas que todos entendemos ser indisputáveis (CÓLON, 2010). Antes
de prosseguir, é bom destacar o que significa padrões objetivos de moralidade.
Quando debateu com o ateu Stephen Law, Graig trouxe uma definição do que
significa o termo: “Por valores morais objetivos, eu quero dizer os valores que são
válidos e obrigatórios, quer as pessoas creiam neles ou não. Muitos teístas e
ateus concordam que, se Deus não existe, então, os valores e as obrigações
morais não são objetivas neste sentido” (CRAIG & LAW, 2011). Paul Copan faz uma analogia sobre o relativismo
que cabe bem aqui. Ele menciona que, se um dia alguém se deparar com um grande
acidente envolvendo muitos carros, mesmo que ninguém assuma a culpa, sempre
haverá um culpado. Mesmo se as autoridades de trânsito não conseguirem
encontrar o verdadeiro culpado e ninguém mais se importar, a seguradora irá se
importar em encontrar a verdade. A verdade é objetiva, assim como os valores
morais. Copan se expressa assim:
A verdade é mais do que
a nossa comunicação subjetiva de um acidente de carro. Ela tem existência
objetiva. Ela tem aplicação universal.
Verdade é verdade -
mesmo que ninguém saiba
Verdade é verdade -
mesmo que ninguém admita
Verdade é verdade -
mesmo que ninguém concorde com ela
Verdade é verdade -
mesmo que ninguém a siga
Verdade é verdade -
mesmo que ninguém, apenas Deus a mantenha totalmente (COPAN, 2009, p. 20).
Considere
o argumento seguinte fornecido por David Wood:
1.
Se Deus não existe, valores morais objetivos
não existem.
2.
Valores morais objetivos existem.
3.
Portanto, Deus existe.
A
primeira premissa certamente é verdade. Quando nós dizemos que esses são
valores morais objetivos, nós estamos dizendo que essas declarações morais são
verdadeiras se os seres humanos concordam com elas ou não. Assim, a declaração
“o estupro é imoral” ainda seria verdadeira, mesmo se cada ser humano no
planeta decidisse o contrário. Mas se os seres humanos não podem servir como o
fundamento da moralidade objetiva, o que pode? Somente um ser que transcende
completamente os humanos. E sobre a segunda premissa? Interessantemente, mesmo
os proponentes do Argumento do Mal, com frequência concedem essa premissa em
direção do seu argumento. Dizendo que o sofrimento é mau, os ateus têm admitido
que existe um padrão moral objetivo pelo qual nós distinguimos o bem do mal.
Maravilhosamente, então, mesmo quando os ateus se levantam contra a existência
de Deus, na verdade, eles nos ajudam a provar que Deus existe! (apud DEMBSKI
& LICONA, 2010, p. 41, 42). Resumindo: mesmo que as pessoas no mundo
inteiro concordem que estuprar uma criança não é errado, esse entendimento
nunca anularia o fato objetivo de que o estupro é objetivamente e absolutamente
errado. Já para o ateu, o quadro é mais cruel, difícil. Michael Ruse, filósofo
da ciência e ateu, declara:
O conceito
evolucionista moderno [...] é que os humanos têm consciência de moralidade
[...] porque ela é de valor biológico. A moralidade é uma adaptação biológica
tanto quanto as mãos, os pés e os dentes...
Considerada um conjunto
de afirmações racionalmente justificáveis sobre algo objetivo, a ética é
ilusória. Acho interessante notar que, quando alguém diz “ame o seu próximo
como a si mesmo”, as pessoas fazem referencia a algo que está acima e além de
si mesmas [...] tal referência não possui qualquer fundamento. A moralidade é
simplesmente uma ajuda a sobrevivência e à reprodução [...] e qualquer
significado mais profundo é ilusório (apud BECKWITH, CRAIG & MORELAND,
2005, p. 297).
Segundo esse ateu, que leva o seu
ateísmo às últimas consequências, a moralidade é ilusória, apenas uma adaptação
biológica. Craig afirma que, se Deus não existe, então, valores morais objetivos
não existem. Muitos teístas e ateístas concordam semelhantemente nesse ponto.
Por exemplo, Bertrand Russel observou:
A ética surge da pressão da
comunidade sobre o individuo. O homem…nem sempre sente instintivamente os
princípios que são aplicados pelo seu grupo. O grupo, ansioso que o individuo
agisse em seu benefício, inventou vários dispositivos para fazer os interesses
do individuo alinharem-se com os do grupo. Um desses…é a moralidade (apud
WALLACE, 2003).
Craig conclui, em outro lugar, que,se
Deus não existe, então qualquer base para considerar a moralidade evoluída do
bando entre os Homo sapiens objetivamente verdadeira parece ter
sido removida. Os seres humanos são simplesmente subprodutos acidentais da
natureza, que evoluíram num tempo relativamente recente de uma partícula de
poeira perdida em algum lugar de algum universo hostil e abandonado, os quais
estão destinados a morrer individual e coletivamente em um período
relativamente pequeno. Uma ação qualquer – digamos o estupro – não pode ser
socialmente vantajosa e, assim, no curso da evolução humana, tornou-se tabu.
Contudo, na visão ateísta, é difícil enxergar porque existiria algum erro em
estuprar alguém. Colocando as coisas de maneira grosseira, na visão ateísta os
seres humanos são simplesmente animais, e os animais não são agentes morais (BECKWITH, CRAIG & MORELAND, 2005, p. 597-599). Há,
portanto, uma grande diferença entre um ser humano e um animal, pois o ser
humano foi criado à imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, o homem é livre,
tem o direito à escolha, tem intelecto, emoção, vontade, consciência e razão.
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Referências
e notas:
BECKWITH, Francis J., CRAIG,
Willian Lane & MORELAND, J. P. Ensaios
apologéticos (J. F. Cristófalo, trad.). São Paulo: Hagnos, 2006
CÓLON, Brian. Atheism: A Falsified Hypothesis. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-atheism-falsified-hypothesis-by.html, acessado em 14/04/2022
COPAN, Paul. True for You, But Not for Me: Overcoming Objections to Christian Faith. Revised edition. Minneapolis, Minnesota: Bethany House, 2009
CRAIG, William Lane; LAW, Stephen. Does God Exist? The Craig-Law debate (2011). Recuperado de: http://www.reasonablefaith.org/does-god-exist-the-craig-law-debate, acessado em 14/04/2022
DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History, Philosophy and Science. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010
WALLACE, Stan W (ed.). Does God Exist? The Craig-Flew Debate. Burlington, USA: Ashgate Publishing, 2003
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