No Calvinismo, a regeneração acontece
antes da fé, ao passo que no Arminianismo a regeneração acontece depois da fé.
Em outras palavras, o “momento” do que a Escritura descreve como o “novo
nascimento” é decisivo no debate entre o Calvinismo e o Arminianismo. No
Calvinismo, Deus dá a seus eleitos um novo nascimento. Este é resultado de seu
chamado eficaz (algumas vezes chamado de “graça irresistível”). Eles não podem
e não irão resisti-lo, porque eles veem com novos olhos. Seu novo nascimento
cria neles o desejo para arrependerem-se de seus pecados e depositarem sua fé
em Jesus Cristo.
No Arminianismo Reformado, a ordem de
salvação é diferente. Deus convence (do pecado), chama e atrai as pessoas para
si mesmo, contudo dá-lhes a liberdade para resistir a sua graça. Se elas não
resistirem e receberem o dom da salvação de Deus com as mãos vazias da fé,
então Deus as regenera. Elas experimentam um novo nascimento somente após
receberem Cristo através da fé.
Leroy Forlines diz que há um problema
para a coerência do Calvinismo quando ele coloca a regeneração antes da fé,
porque, como o grande teólogo calvinista Louis Berkhof afirma, “A regeneração é
o princípio da santificação.”[1] É um problema, logicamente, colocar a regeneração antes da fé
na ordo salutis (ordem de salvação) porque, se a regeneração
é o princípio da santificação, e se a justificação resulta da fé, então logicamente
o Calvinismo está colocando a santificação antes da justificação.
O calvinista Loraine Boettner
argumenta, “Um homem não é salvo porque crê em Cristo; ele crê em Cristo porque
ele é salvo.”[2] Isto é a que leva realmente a visão calvinista da regeneração
precedendo a fé. Todavia, como Steve Lemke diz, isto parece colocar a carroça
antes do cavalo. Lemke fornece outra forma de considerar esse quebra-cabeça:
“Quando o Espírito entra na vida de um crente?.... O que as Escrituras dizem
acerca da ordem de crer e receber o Espírito?”[3]
Isto é particularmente pungente, Lemke
argumenta, devido à afirmação de Pedro em At 2.38: “E disse-lhes Pedro:
Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.”[4]
Forlines segue para mostrar por que
isto é uma dificuldade lógica para o sistema calvinista: “Os calvinistas têm
geralmente aderido à visão da satisfação da expiação e justificação. Se um
pessoa é consistente no desenvolvimento das implicações da visão da satisfação
da expiação, é claro que Deus não pode executar o ato da regeneração (um ato de
santificação) em uma pessoa antes que ela seja justificada. Deus pode seguir
com sua graça santificadora somente após o problema da culpa ser satisfeito
pela justificação. Raciocinar de outra forma é violar a lei da não contradição.
Entendo que quando falamos da ordo salutis (ordem de
salvação), estamos falando sobre a ordem lógica ao invés de cronológica. Mas
essa ordem lógica é inviolável!”[5]
Se Berkhof e Boettner estão corretos
que a regeneração é o princípio da salvação e da santificação (e eu penso que
eles estão), então a ordo salutis calvinista, que coloca a
regeneração antes da fé salvadora, e dessa forma antes da justificação e do dom
do Espírito, é altamente problemática.
Tradução: Paulo Cesar Antunes
Fonte: http://www.fwbtheology.com/a-problem-in-calvinisms-order-of-salvation/
[1] F. Leroy
Forlines, Classical Arminianism: A Theology of Salvation (Nashville:
Randall House, 2011), 262.
[2] Loraine
Boettner. The Reformed Doctrine of Predestination (Philadelphia,
PA: P&R, 1965), 101.
[3] Steve W.
Lemke e David Allen, eds., Whosoever Will (Nashville:
B&H Academic, 2011), 137.
[4] Ibid.
[5] Forlines, 86.
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