Por Walson Sales
Esta
abordagem já está bem fundamentada nas partes 1 e 2 desta pesquisa. Já está
patente que esta linha de pensamento não faz sentido à luz das descobertas
científicas mais recentes. Uma cosmovisão tem que ter coerência interna e
externa, e o ateísmo não faz sentido em nenhuma dessas vertentes. Perry advoga
esta verdade de forma bem contundente sobre a cosmovisão ateísta. Ele afirma
que a simples declaração da não existência de Deus não permite escapar do fato de que o autor de tal
declaração defende uma cosmovisão sistemática do mundo. Ele tem simplesmente
tentado construir seu entendimento da ética, da verdade e da realidade última
sobre a não existência de Deus. A questão não se baseia sobre quem defende
cosmovisões religiosas. A questão é quais dessas cosmovisões correspondem melhor
à realidade. Se o naturalismo é verdade, tudo isso faz sentido. Se o mundo
físico é tudo o que é real, se cada fenômeno deve ser entendido como uma consequência
das moléculas em movimento; se causas materiais são o único tipo de fenômeno
que somos permitidos invocar, é lógico que a ciência – o estudo do mundo
natural – é o único poder explanatório que existe. Se a ciência detém toda a
verdade, nossa crença na ciência – o cientificismo – é a nossa grande esperança.
Mas se a ciência é o único defensor apropriado da cosmovisão naturalista, parece
justo perguntar como a ciência pode analisar coisas que, sob as pressuposições
do naturalismo, não são possíveis analisar mesmo em princípio? Como os
sacerdotes do cientificismo planejam explicar realidades não naturais ou
metafísicas?
Tomemos,
por exemplo, a tão repetida frase: “a ciência refutou Deus”. Essa é uma
afirmação no mínimo estranha, pela razão de que ela deve abordar
simultaneamente as seguintes verdades mutuamente exclusivas: 1) a ciência é o
estudo do universo físico e 2) nenhum teísta de credibilidade jamais disse que
Deus é parte do universo físico. Eles não veem que o raciocínio deles é
circular? Sem esse raciocínio circular, todo o amparo do cientificismo
desmorona sob o peso de seus próprios critérios para a identificação da verdade
(PERRY,
2010).
Essa
lenda divulgada pelos ateus, materialistas e naturalistas de que existe apenas
o mundo material é um verdadeiro tiro no pé. Tal ideia não sobrevive diante da
realidade. Quando Craig debateu com o químico ateu Peter Atkins sobre a
existência de Deus, o ateu afirmou que a ciência era onipotente e que poderia
acessar e responder a todas as coisas no mundo. Craig, percebendo a armadilha em
que o ateu caiu, afirmou que existiam coisas nas quais era racional acreditar e
elas nem eram entidades materiais nem podiam ser acessadas pela ciência. Quando
o ateu desafiou, Craig disparou:
1 – A
matemática e a lógica;
2 –
Verdades metafísicas (tais como, existem outras mentes além da minha ou que a
realidade não foi criada há apenas cinco minutos aparentando ser mais velha);
3 –
Julgamentos éticos (Você não pode provar pela ciência que os nazistas foram maus,
porque a moralidade não está sujeita ao método científico);
4 – Julgamentos
estéticos (o belo, assim como o bom não pode ser cientificamente provado), e,
ironicamente,
5 – A
própria ciência (a crença de que o método científico descobre verdades não pode
ser provado pelo próprio método científico), (apud MEISTER, 2013).
O Naturalismo/materialismo
abraça a contradição inerente do regresso infinito quando se trata da origem do
universo e, para eles, as explicações sobrenaturais são categoricamente
rejeitadas. Isso também coloca um problema em onde a moral, o significado e o propósito
estão fundamentados em uma cosmovisão puramente naturalista. Uma cosmovisão
pode ser internamente consistente e oferecer uma explicação compreensiva do
mundo e ainda não ser vivenciável. O ateísmo, por exemplo, oferece uma visão sucinta
do mundo, no qual somos meros acidentes cósmicos: fluxos da natureza cuja
existência não tem nenhum propósito ou significado. Alguns, como Friedrich
Nietzsche, aceitou o niilismo, que acompanha logicamente uma visão naturalista
do universo. Infelizmente, Nietzsche acabou louco, tentando manter uma consistência
com suas crenças (WIDNER, 2010). A Ciência Naturalista nem se adéqua às últimas
descobertas científicas nem se fundamenta em sua própria existência (GERHARDT,
2010). O problema é que, se o ateísmo é provado falso, então o Teísmo (sua
negação) seria necessariamente provado verdadeiro. Quando existem somente duas
respostas possíveis para uma proposição e uma delas é provada falsa, então a
outra é necessariamente verdadeira. Considere a pergunta: "Deus Existe?"
Existem somente duas respostas possíveis: "sim" e "não". Se
a resposta "não" foi provada falsa, então a única resposta
alternativa que resta é "sim". A forma que escolhi para mostrar que o
ateísmo é falso foi apresentar as autocontradições dentro da cosmovisão ateísta.
Logicamente falando, se uma proposição contém consequências necessárias que são
autocontraditórias em si mesmas, então a proposição não pode ser verdadeira. Por
exemplo: não existem corpos mortos vivos, não existem pessoas empregadas
desempregadas e não existe água desidratada. No teísmo cristão, os absolutos
morais fazem sentido, porque Deus é o padrão absoluto de moralidade. Entidades
imateriais, atemporais e transcendentes tais como as leis da lógica fazem
sentido porque elas podem ser fundamentadas em um Deus imaterial, atemporal e
transcendente. A dignidade humana faz sentido, porque os seres humanos são
criados à imagem do único ser digno de honra e adoração, Deus. O ateísmo é
inadequado e incapaz de explicar nossa experiência do mundo ao nosso redor. Portanto,
ele não pode ser verdadeiro (CÓLON, 2010).
A segunda
linha de argumento é mostrar que várias alternativas ao Cristianismo são falsas.
Com frequência, as pessoas falham em ver a verdade do Cristianismo, porque elas
aceitam visões errôneas do mundo e padrões epistêmicos errôneos, tais como as
associadas com o naturalismo. Eles podem experimentar a presença de Deus na
natureza, mas creem que isso é uma ilusão, porque estão convencidos de que não
existe nada além da natureza. Eles pensam que somente coisas que podem ser
demonstradas empiricamente podem ser racionalmente cridas, e tais experiências
são ilusões arquitetadas pela evolução para assegurar a cooperação social. Mostrar
que esses quadros da realidade são falsos ajuda-os a reconsiderar a natureza
verídica dessas experiências. Refutar alternativas ao Cristianismo prover outro
ímpeto para ver a verdade do Cristianismo. As pessoas têm que viver por alguma
visão de mundo. Em termos práticos, alguém não pode permanecer agnóstico sobre
muitas questões existenciais. Se todas as alternativas viáveis ao Cristianismo
puderem ser mostradas implausíveis, então o Cristianismo tem que ser levado a
sério pelas pessoas que não podem, na prática, viver uma vida que suspenda o
julgamento sobre questões últimas. As conclusões da ciência teísta podem não
ser aceitas pelos não teístas, mas o método – tentando ver a melhor forma de
explicar os fenômenos relevantes do ponto de vista teísta – está realmente
aberto a todos. Pode-se mostrar que, quando se raciocina sob uma perspectiva
teísta, então algumas questões existenciais e teóricas podem receber respostas
coerentes. Pode-se explicar tais coisas como a origem do universo, a existência
de seres contingentes, a existência e natureza das obrigações morais, a
existência das leis da natureza e questões existenciais sobre culpa e perdão e
assim por diante. O filósofo Alvin Plantinga nota que a existência de Deus é
importante em uma “grande unidade dentro do empreendimento filosófico, e a
ideia de Deus ajuda com a surpreendente variedade de casos: epistemológica, ontológica,
ética, tendo a ver com o significado e formas semelhantes”. Mostrando que, se
alguém aceita o teísmo, então respostas plausíveis, defensíveis, compreensíveis
e unificadas estão disponíveis para o que, do contrário, seriam questões
intratáveis. Isso é uma forma de mostrar aos outros por que eles deveriam
aceitar a crença em Deus como uma crença propriamente básica. A quarta e última
maneira é colocar uma pessoa em uma posição de suscetibilidade à experiência
necessária que fundamenta devidamente as crenças teológicas básicas. O mesmo é
verdade com a crença cristã. Uma forma de mostrar aos agnósticos a verdade do
Cristianismo é colocá-los em circunstâncias em que, se eles estiverem atentos,
eles estarão suscetíveis a ver a verdade. Pascal destacou isso em sua famosa
aposta: enquanto um agnóstico não pode simplesmente escolher crer em alguma
coisa que ele não acredita, ele ou ela pode escolher olhar, procurar e entender
(FLANNAGAN, 2010). Como vimos, o ateísmo e a cosmovisão naturalista não
passaram no alicerce da razão (lógica) e no crivo histórico. Vejamos agora as
alternativas religiosas ao Cristianismo.
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Referências:
CÓLON, Brian. Atheism:
A Falsified Hypothesis. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-atheism-falsified-hypothesis-by.html,
acessado em 13/11/2013
FLANNAGAN, Matthew. Showing
Christianity is True. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-showing-christianity-is-true-by.html,
acessado em 14/11/2013
GERHARDT, Richard. The Failure of Naturalism. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-failure-of-naturalism-by-richard.html,
acessado em 11/11/2010.
MEISTER, Chad. Theism,
Materialism and Science. Recuperado de: http://truthbomb.blogspot.com.br/2013/03/theism-materialism-and-science.html?utm_source=Reasons+for+God&utm_campaign=b0afbfb7ec-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email,
acessado em 17/01/2013
PERRY, Bob. Defrocking the Priests of
Scientism. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-defrocking-priests-of-scientism.html,
acessado em 11/11/2010.
WIDNER, Wes. Coherent, Consistent, Livable.
Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-coherent-consistent-livable-by.html,
acessado em 11/11/2013
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