segunda-feira, 25 de julho de 2022

O Que a Cosmovisão Materialista, Ateísta e Naturalista Têm a nos Dizer?

  

Por Walson Sales

 

Esta abordagem já está bem fundamentada nas partes 1 e 2 desta pesquisa. Já está patente que esta linha de pensamento não faz sentido à luz das descobertas científicas mais recentes. Uma cosmovisão tem que ter coerência interna e externa, e o ateísmo não faz sentido em nenhuma dessas vertentes. Perry advoga esta verdade de forma bem contundente sobre a cosmovisão ateísta. Ele afirma que a simples declaração da não existência de Deus não  permite escapar do fato de que o autor de tal declaração defende uma cosmovisão sistemática do mundo. Ele tem simplesmente tentado construir seu entendimento da ética, da verdade e da realidade última sobre a não existência de Deus. A questão não se baseia sobre quem defende cosmovisões religiosas. A questão é quais dessas cosmovisões correspondem melhor à realidade. Se o naturalismo é verdade, tudo isso faz sentido. Se o mundo físico é tudo o que é real, se cada fenômeno deve ser entendido como uma consequência das moléculas em movimento; se causas materiais são o único tipo de fenômeno que somos permitidos invocar, é lógico que a ciência – o estudo do mundo natural – é o único poder explanatório que existe. Se a ciência detém toda a verdade, nossa crença na ciência – o cientificismo – é a nossa grande esperança. Mas se a ciência é o único defensor apropriado da cosmovisão naturalista, parece justo perguntar como a ciência pode analisar coisas que, sob as pressuposições do naturalismo, não são possíveis analisar mesmo em princípio? Como os sacerdotes do cientificismo planejam explicar realidades não naturais ou metafísicas?

Tomemos, por exemplo, a tão repetida frase: “a ciência refutou Deus”. Essa é uma afirmação no mínimo estranha, pela razão de que ela deve abordar simultaneamente as seguintes verdades mutuamente exclusivas: 1) a ciência é o estudo do universo físico e 2) nenhum teísta de credibilidade jamais disse que Deus é parte do universo físico. Eles não veem que o raciocínio deles é circular? Sem esse raciocínio circular, todo o amparo do cientificismo desmorona sob o peso de seus próprios critérios para a identificação da verdade (PERRY, 2010).

Essa lenda divulgada pelos ateus, materialistas e naturalistas de que existe apenas o mundo material é um verdadeiro tiro no pé. Tal ideia não sobrevive diante da realidade. Quando Craig debateu com o químico ateu Peter Atkins sobre a existência de Deus, o ateu afirmou que a ciência era onipotente e que poderia acessar e responder a todas as coisas no mundo. Craig, percebendo a armadilha em que o ateu caiu, afirmou que existiam coisas nas quais era racional acreditar e elas nem eram entidades materiais nem podiam ser acessadas pela ciência. Quando o ateu desafiou, Craig disparou:

 

1 – A matemática e a lógica;

2 – Verdades metafísicas (tais como, existem outras mentes além da minha ou que a realidade não foi criada há apenas cinco minutos aparentando ser mais velha);

3 – Julgamentos éticos (Você não pode provar pela ciência que os nazistas foram maus, porque a moralidade não está sujeita ao método científico);

4 – Julgamentos estéticos (o belo, assim como o bom não pode ser cientificamente provado), e, ironicamente,

5 – A própria ciência (a crença de que o método científico descobre verdades não pode ser provado pelo próprio método científico), (apud MEISTER, 2013).

 

 A plateia caiu na risada quando percebeu o quanto os ateus usam o racional para negar coisas racionais. Perry menciona que é engraçado como ateus [como o Atkins] que são sacerdotes do cientificismo parecem ser ignorantes da linguagem da própria fé. A ciência depende da matemática para fazer sentido. Estas estruturas matemáticas têm sido descritas pelos próprios cientistas materialistas como “uma entidade abstrata imutável que existe fora do espaço e do tempo” que permitem a ordem e as propriedades invariáveis que observamos na natureza. É “algo que beira o misterioso”, que tem “uma sensação estranhamente real” a ele e satisfaz “um critério central da existência objetiva”. Até mesmo o ateu Bertrand Russell uma vez comentou que a matemática apóia a ambos: “a verdade e a beleza suprema”. Matemática é a linguagem da ciência – o vocabulário daqueles que negam realidades não físicas – a própria matemática é a combinação de números e conceitos, nenhuma das quais são físicas, mas ambas são inegavelmente reais (PERRY, 2010).

O Naturalismo/materialismo abraça a contradição inerente do regresso infinito quando se trata da origem do universo e, para eles, as explicações sobrenaturais são categoricamente rejeitadas. Isso também coloca um problema em onde a moral, o significado e o propósito estão fundamentados em uma cosmovisão puramente naturalista. Uma cosmovisão pode ser internamente consistente e oferecer uma explicação compreensiva do mundo e ainda não ser vivenciável. O ateísmo, por exemplo, oferece uma visão sucinta do mundo, no qual somos meros acidentes cósmicos: fluxos da natureza cuja existência não tem nenhum propósito ou significado. Alguns, como Friedrich Nietzsche, aceitou o niilismo, que acompanha logicamente uma visão naturalista do universo. Infelizmente, Nietzsche acabou louco, tentando manter uma consistência com suas crenças (WIDNER, 2010). A Ciência Naturalista nem se adéqua às últimas descobertas científicas nem se fundamenta em sua própria existência (GERHARDT, 2010). O problema é que, se o ateísmo é provado falso, então o Teísmo (sua negação) seria necessariamente provado verdadeiro. Quando existem somente duas respostas possíveis para uma proposição e uma delas é provada falsa, então a outra é necessariamente verdadeira. Considere a pergunta: "Deus Existe?" Existem somente duas respostas possíveis: "sim" e "não". Se a resposta "não" foi provada falsa, então a única resposta alternativa que resta é "sim". A forma que escolhi para mostrar que o ateísmo é falso foi apresentar as autocontradições dentro da cosmovisão ateísta. Logicamente falando, se uma proposição contém consequências necessárias que são autocontraditórias em si mesmas, então a proposição não pode ser verdadeira. Por exemplo: não existem corpos mortos vivos, não existem pessoas empregadas desempregadas e não existe água desidratada. No teísmo cristão, os absolutos morais fazem sentido, porque Deus é o padrão absoluto de moralidade. Entidades imateriais, atemporais e transcendentes tais como as leis da lógica fazem sentido porque elas podem ser fundamentadas em um Deus imaterial, atemporal e transcendente. A dignidade humana faz sentido, porque os seres humanos são criados à imagem do único ser digno de honra e adoração, Deus. O ateísmo é inadequado e incapaz de explicar nossa experiência do mundo ao nosso redor. Portanto, ele não pode ser verdadeiro (CÓLON, 2010).

A segunda linha de argumento é mostrar que várias alternativas ao Cristianismo são falsas. Com frequência, as pessoas falham em ver a verdade do Cristianismo, porque elas aceitam visões errôneas do mundo e padrões epistêmicos errôneos, tais como as associadas com o naturalismo. Eles podem experimentar a presença de Deus na natureza, mas creem que isso é uma ilusão, porque estão convencidos de que não existe nada além da natureza. Eles pensam que somente coisas que podem ser demonstradas empiricamente podem ser racionalmente cridas, e tais experiências são ilusões arquitetadas pela evolução para assegurar a cooperação social. Mostrar que esses quadros da realidade são falsos ajuda-os a reconsiderar a natureza verídica dessas experiências. Refutar alternativas ao Cristianismo prover outro ímpeto para ver a verdade do Cristianismo. As pessoas têm que viver por alguma visão de mundo. Em termos práticos, alguém não pode permanecer agnóstico sobre muitas questões existenciais. Se todas as alternativas viáveis ao Cristianismo puderem ser mostradas implausíveis, então o Cristianismo tem que ser levado a sério pelas pessoas que não podem, na prática, viver uma vida que suspenda o julgamento sobre questões últimas. As conclusões da ciência teísta podem não ser aceitas pelos não teístas, mas o método – tentando ver a melhor forma de explicar os fenômenos relevantes do ponto de vista teísta – está realmente aberto a todos. Pode-se mostrar que, quando se raciocina sob uma perspectiva teísta, então algumas questões existenciais e teóricas podem receber respostas coerentes. Pode-se explicar tais coisas como a origem do universo, a existência de seres contingentes, a existência e natureza das obrigações morais, a existência das leis da natureza e questões existenciais sobre culpa e perdão e assim por diante. O filósofo Alvin Plantinga nota que a existência de Deus é importante em uma “grande unidade dentro do empreendimento filosófico, e a ideia de Deus ajuda com a surpreendente variedade de casos: epistemológica, ontológica, ética, tendo a ver com o significado e formas semelhantes”. Mostrando que, se alguém aceita o teísmo, então respostas plausíveis, defensíveis, compreensíveis e unificadas estão disponíveis para o que, do contrário, seriam questões intratáveis. Isso é uma forma de mostrar aos outros por que eles deveriam aceitar a crença em Deus como uma crença propriamente básica. A quarta e última maneira é colocar uma pessoa em uma posição de suscetibilidade à experiência necessária que fundamenta devidamente as crenças teológicas básicas. O mesmo é verdade com a crença cristã. Uma forma de mostrar aos agnósticos a verdade do Cristianismo é colocá-los em circunstâncias em que, se eles estiverem atentos, eles estarão suscetíveis a ver a verdade. Pascal destacou isso em sua famosa aposta: enquanto um agnóstico não pode simplesmente escolher crer em alguma coisa que ele não acredita, ele ou ela pode escolher olhar, procurar e entender (FLANNAGAN, 2010). Como vimos, o ateísmo e a cosmovisão naturalista não passaram no alicerce da razão (lógica) e no crivo histórico. Vejamos agora as alternativas religiosas ao Cristianismo.

 

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Referências:

 

CÓLON, Brian. Atheism: A Falsified Hypothesis. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-atheism-falsified-hypothesis-by.html, acessado em 13/11/2013

 

FLANNAGAN, Matthew. Showing Christianity is True. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-showing-christianity-is-true-by.html, acessado em 14/11/2013

 

GERHARDT, Richard. The Failure of Naturalism. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-failure-of-naturalism-by-richard.html, acessado em 11/11/2010.

 

MEISTER, Chad. Theism, Materialism and Science. Recuperado de: http://truthbomb.blogspot.com.br/2013/03/theism-materialism-and-science.html?utm_source=Reasons+for+God&utm_campaign=b0afbfb7ec-RSS_EMAIL_CAMPAIGN&utm_medium=email, acessado em 17/01/2013

 

PERRY, Bob. Defrocking the Priests of Scientism. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-defrocking-priests-of-scientism.html, acessado em 11/11/2010.

 

WIDNER, Wes. Coherent, Consistent, Livable. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-coherent-consistent-livable-by.html, acessado em 11/11/2013

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