segunda-feira, 4 de julho de 2022

Os Quatro Fatos Históricos sobre a Ressurreição

  

Por Walson Sales

 

Quando Craig debateu em 2006 com o ateu Barth Ehrman, um dos maiores críticos da Ressurreição de Jesus, trouxe quatro linhas de evidências que comprovam, de forma inequívoca, que a ressurreição ocorreu de verdade. São elas:

 

(I) Existem quatro fatos históricos que precisam ser explicados por alguma hipótese histórica adequada:

- O sepultamento de Jesus.

- A descoberta de seu túmulo vazio.

- Suas aparições post-mortem.

- A origem da crença dos discípulos em sua ressurreição (CRAIG; EHRMAN, 2006).

 

Se analisarmos as respostas dos ateus a esses quatro fatos históricos, veremos que as teorias são as piores possíveis. Irei me deter mais precisamente nas argumentações apresentadas por Craig nesse debate pela importância das informações. Vejamos logo a primeira:

 

Fato #1: Após sua crucificação, Jesus foi sepultado por José de Arimatéia em uma tumba. Os historiadores sustentam esse fato baseando-se em evidências como:

1. O sepultamento de Jesus é atestado multiplamente por fontes primitivas independentes – Nós temos quatro biografias de Jesus, por Mateus, Marcos, Lucas e João, que formam o Novo Testamento juntamente com várias cartas do apóstolo Paulo. O relato do sepultamento é uma parte do relato de Marcos sobre a história do sofrimento e morte de Jesus. Trata-se de uma fonte muito próxima aos acontecimentos que provavelmente é baseada no testemunho de um observador dos eventos e que, sobre a qual, o comentarista Rudolf Pesch data para algum momento entre sete anos após a crucificação. Além disso, Paulo cita uma fonte extremamente antiga para o sepultamento de Jesus que a maioria dos estudiosos data para algum momento entre cinco anos após a crucificação de Jesus. Testemunhos independentes sobre o sepultamento de Jesus por José de Arimatéia são também fundamentados nas fontes por trás de Mateus e Lucas e o evangelho de João, para não citar o evangelho apócrifo de Pedro. Assim, nós temos pelo menos cinco notáveis fontes independentes sobre o sepultamento de Jesus, algumas extremamente próximas ao evento da crucificação.

2. Como um membro do Sinédrio Judaico que condenou Jesus, José de Arimatéia provavelmente não é uma invenção cristã – Existia uma hostilidade compreensível no início na igreja em relação aos líderes judeus. Aos olhos dos cristãos, eles planejaram a condenação judicial de Jesus. Assim, de acordo com o estudioso do Novo Testamento Raymond Brown, o sepultamento de Jesus por José é “muito provável”, uma vez que é “quase inexplicável” porque os cristãos inventariam uma história sobre um membro do Sinédrio Judaico que fez um bem a Jesus.

Por estas e outras razões, a maioria dos críticos do Novo Testamento concordam que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia em uma tumba. De acordo com John A. T. Robinson da Cambridge University, o sepultamento de Jesus em sua tumba é “um dos mais antigos e melhor-atestados fatos sobre Jesus”. (CRAIG; EHRMAN, 2006).

 

Algumas pessoas não entendem a importância da presença de José de Arimatéia no relato bíblico. Outras pessoas também estavam presentes. Frank Morison explica que pelo menos 18 pessoas do círculo íntimo de Jesus assistiram à crucificação:

 

Se excluirmos Maria e Marta de Betânia, e seu irmão Lázaro, que por certas razões discutiremos depois, não foi veiculado estarem conectados com a tragédia final, somos deixados com um grupo de 16 pessoas, todos que são conhecidos ter pertencido ao circulo intimo de Jesus como seus apoiadores pessoais:

Os onze apóstolos que sobreviveram.

Maria, a mãe de Jesus.

Maria, a esposa de Cleofas.

Salomé, a esposa de Zebedeu.

Maria Madalena.

Joana, a esposa de Cuza, Mordomo de Herodes.

A estes, devem ser adicionados dois homens de alta classe social, que embora evitando abertamente que eram discípulos, foram aparentemente fortes simpatizantes da causa de Cristo, José de Arimateia e Nicodemus (2009, p. 62, 63).

 

É admitido abertamente que Jesus foi sepultado por José de Arimatéia. Nenhum judeu do primeiro século negou essa informação. Isso parece ser um fato confirmador do sepultamento que vai trazer outras implicações. O Dr. Craig, quando participou do segundo programa John Ankerberg Show em 2007, disse que ficou perplexo quando o apresentador da ABC, em um programa especial sobre a matéria, disse que, segundo os evangelhos, Jesus foi colocado no túmulo por sua mãe e seus amigos. Agora, se a história do sepultamento de Jesus tivesse sido um acréscimo posterior, como uma lenda que foi inserida décadas depois na Igreja Primitiva, esta é exatamente o tipo de história piedosa que alguém esperaria encontrar: que Jesus foi sepultado por sua devota mãe e seus discípulos crentes. Mas ele diz que isso não é, de fato, o que os evangelhos afirmam. Ao contrário, o que os evangelhos dizem é que Jesus de Nazaré foi colocado no túmulo por esta figura enigmática: José de Arimatéia, que não aparece em nenhum lugar nos evangelhos, e, contrariando as expectativas, deu a Jesus de Nazaré um sepultamento honroso em um túmulo. Além disso, Marcos nos informa que este homem era um membro do Sinédrio, o principal conselho que condenou Jesus a ser crucificado, e que José destaca Jesus entre os três homens que foram crucificados, pelo cuidado especial em dar a Ele sepultamento honroso em um túmulo, em vez de permitir que o corpo fosse simplesmente despachado em uma vala comum, reservada aos criminosos. Isso é extraordinário e requer algum tipo de explicação (ANKERBERG, 2007, parte 2).

Frank Morison menciona que todos os quatro escritores concordam que, logo após a morte de Jesus, Pilatos foi procurado por José de Arimatéia, para pedir permissão para enterrar o corpo. Sejam quais forem as dúvidas que este ato possa trazer, parece indiscutível que este homem, uma pessoa de distinção social e até mesmo com um status oficial, apartou-se do partido sacerdotal para obter permissão para dar a um prisioneiro crucificado um sepultamento honroso. Ás vezes é sugerido que o motivo de José de Arimatéia ter feito isso tenha sido para cumprir uma lei judaica sobre o sepultamento, mas é difícil aceitar essa sugestão diante da evidência. Havia três corpos para serem sepultados antes do por do sol, e não há o menor vestígio de qualquer solicitude por parte de José para os dois assaltantes. Seu único motivo e preocupação parece ter sido prestar um respeito pessoal e individual aos restos mortais de Jesus. Assim, longe de enfraquecer essa suposição, as poucas informações fornecidas nos evangelhos fortalecem tal interpretação. É-nos informado que “ele não consentiu” no Sinédrio “com a morte de Jesus”. Lucas diz que ele “estava buscando o Reino de Deus”. João, de forma bem explícita, mas em linguagem bem diferente, diz que “ele era um discípulo, mas em segredo, por medo dos judeus”. Mas esses grandes eventos evocam traços heroicos no caráter deste homem, pois, nesta ocasião, José subiu ao nível de suas próprias aspirações secretas. Ele teve a coragem de ir a Pilatos e pedir o corpo de Jesus.

Se fôssemos deixados simplesmente com os evangelhos sinóticos, seríamos compelidos a crer que José de Arimatéia agiu nesse assunto completamente sozinho. No entanto, João contribui com um item de informação aqui. Somos informados que, quando a José foi assegurado a permissão de Pilatos para sepultar o corpo, ele trouxe Nicodemos com ele, o homem que, segundo o mesmo escritor, veio a Jesus à noite (2009, p. 67, 68). Leia e compare com as referências bíblicas (Mateus 27.57; Marcos 15.43; Lucas 23.50, 51; João 19.38, 39). Portanto, a figura de José de Arimatéia solicitando o corpo de Jesus e emprestando a Jesus o seu próprio túmulo é uma informação extraordinária, que confirma os fatos. Analisemos agora o fato número 2:

 

Fato #2: No domingo após a crucificação, a tumba de Jesus foi encontrada vazia por um grupo de seguidoras de Jesus. Entre as razões que levaram a maioria dos estudiosos a esta conclusão estão:

1. A tumba vazia também é atestada multiplamente por fontes antigas independentes – A fonte de Marcos não terminou com o sepultamento, mas com a história da tumba vazia, que está ligada à história do sepultamento verbal e gramaticalmente. Além disso, Mateus e João contêm fontes independentes sobre a tumba vazia; esta história também é mencionada nos sermões nos Atos dos Apóstolos (2.29; 13.36); e esta é implícita por Paulo em sua primeira carta à igreja de Corinto (I Co. 15.4). Assim, novamente nós temos múltiplas fontes antigas atestando o fato da tumba vazia.

2. A tumba foi descoberta vazia por mulheres – Na sociedade judaica patriarcal o testemunho de mulheres não possuía consideração. De fato, o historiador judeu Josefo disse que não era permitido às mulheres servirem como testemunhas em um tribunal judaico. À luz deste fato, quão extraordinário é o fato de terem sido mulheres quem descobriram a tumba vazia de Jesus. Qualquer invenção posterior certamente colocaria discípulos homens como Pedro e João como descobridores da tumba vazia. O fato de terem sido mulheres, mais do que homens, que descobriram a tumba vazia, é melhor explicado pelo fato de que elas eram as principais testemunhas para o fato da tumba vazia, e os escritores dos evangelhos sinceramente relataram isto, para eles, a descoberta da tumba pelas mulheres foi um fato incomodo e embaraçoso.

Eu poderia continuar, mas eu acho que foi dito o suficiente para indicar porque, nas palavras de Jacob Kremer, um especialista austríaco sobre a ressurreição, “a confiabilidade das narrativas bíblicas em relação à tumba vazia é sustentada firmemente pela grande maioria dos exegetas”(CRAIG; EHRMAN, 2006).

 

Está estabelecido historicamente que Jesus foi morto por crucificação e foi colocado em um túmulo por um membro do Sinédrio judaico chamado José de Arimatéia, e que três dias depois, este túmulo foi encontrado vazio. Em outro lugar, William Lane Craig menciona que esses quatro fatos apresentados representam a visão da maioria dos críticos do Novo Testamento que escreveram sobre este assunto, e arremata:

 

E eu quero enfatizar, eu não estou falando aqui de estudiosos conservadores ou fundamentalistas, eu estou falando sobre a ampla e principal corrente da erudição. Aqueles que negam tendem a serem críticos radicais na margem esquerda da erudição do Novo Testamento [...] Agora, especificamente falando com respeito ao túmulo vazio, a maioria dos estudiosos que escreveram sobre o assunto concordam que o túmulo de Jesus provavelmente foi encontrado vazio por um grupo de suas seguidoras na manhã do domingo. Isto representa o núcleo histórico da narrativa do túmulo vazio em Marcos (ANKERBERG, 2007, parte 2).

 

O túmulo vazio está relacionado com a morte e com a consequente pregação da Igreja Primitiva. O Dr. Gary Habermas afirma que o mais poderoso argumento em favor do túmulo vazio está relacionado à localização que cerca o evento. Os relatos dos evangelhos são unânimes em que Jesus foi sepultado em um túmulo localizado em Jerusalém. A maioria dos críticos também concorda que as primeiras pregações ocorreram em Jerusalém, levando ao nascimento da Igreja. Se o túmulo de Jesus estava localizado nas proximidades, temos um sério problema se ele estava vazio. A menos que o túmulo de Jesus estivesse desocupado, a pregação da Igreja Primitiva teria sido refutada no local. Como poderia ser pregado que Jesus ressuscitou dos mortos se esta mensagem fosse duramente confrontada com um corpo apodrecido? Expondo o corpo, mataria a mensagem e seria uma fácil refutação ao Cristianismo antes mesmo dele ganhar ímpeto. Assim, Jerusalém é o último lugar para os ensinos cristãos ganhar apoio, a menos que o túmulo estivesse vazio (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 168). Portanto, a fé cristã não surgiria e floresceria baseado em uma informação que poderia ter sido provada falsa. As duas linhas estão mantidas ou caem juntas. Se os relatos da morte estão seguros, os do sepultamento também. Outro problema é o fato de que o túmulo vazio ter sido descoberto pelas mulheres. Para os padrões de credibilidade histórica da época, isso seria impensável. Se esse relato fosse uma invenção posterior, talvez alguém de grande influência entre os apóstolos teria sido a pessoa “indicada” como aquela que descobriu o túmulo, mas não as mulheres. Craig afirma em outro lugar que, para entendermos o quanto esse fato é extraordinário, precisamos entender duas coisas sobre a função das mulheres no primeiro século em uma sociedade judaica. Primeiro, as mulheres eram, francamente falando, cidadãs de segunda classe. Por exemplo, um provérbio rabínico posterior dizia: “Abençoado são aqueles cujos filhos são homens, mas infortúnio para aqueles cujos filhos são mulheres”. Esta era claramente a era de consciência pré-feminista (ANKERBERG, 2007, parte 2). Antes de prosseguir, é bom deixar claro que existe uma sociedade ideal e uma sociedade real.* Frank Morison também adentra os portões dos padrões jurisprudenciais judaicos do primeiro século para lançar luz à questão. Ele diz que a Misná descreve com abundância de detalhes. Ele menciona que havia três classes de testemunhos reconhecidos por lei: 1. O Testemunho Vão. 2. O Testemunho Permanente. 3. O Testemunho Adequado. Havia uma distinção muito prática entre essas três classes de evidências. O Testemunho vão era obviamente irrelevante e sem valor, e os juízes reconheciam como tal imediatamente. O Testemunho Permanente era a evidência do tipo mais sério a ser aceito provisoriamente até ser confirmado ou o contrário. O Testemunho Adequado era a evidência em que as testemunhas concordavam juntas. A menor discordância entre a evidência do testemunho destruía seu valor (2009, p. 12). Mas e o testemunho da mulher? Não estava considerado nem como sendo um testemunho vão, nem era considerado um testemunho. Craig afirma que o testemunho das mulheres era considerado tão desprezível que elas nem mesmo eram permitidas servir como testemunhas em corte judaica. Agora, à luz desse fato, quão extraordinário é o fato de que as mulheres foram as primeiras e principais testemunhas a descobrir o túmulo de Jesus? (ANKERBERG, 2007, parte 2). Esse é um testemunho embaraçoso e não teria sido mantido e enfatizado a não ser que fosse verdadeiro. Habermas menciona que, devido às circunstâncias da Palestina do primeiro século, podemos somente concluir que os autores dos evangelhos estavam claramente convencidos de que as mulheres descobriram o túmulo vazio. Eles estavam mais interessados em relatar a verdade do que evitar a crítica (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 169). Shelby Cade também corrobora dizendo que outra evidência existe para validar a história da ressurreição. De acordo com os 4 escritores dos evangelhos, as primeiras aparições foram às mulheres. No primeiro século, o testemunho das mulheres era considerado inválido, então porque os autores incluiriam este ponto se eles estivessem tentando inventar um mito? (CADE, 2010). Os críticos do NT levaram essas considerações a sério e aceitaram os relatos como fidedignos.

Imagino se algum zombador da época, quando ouviu que as primeiras pessoas a descobrirem o túmulo vazio foram as mulheres, rejeitou, a priori, a mensagem. O interlocutor talvez o tenha desafiado a ir por si mesmo ver o túmulo vazio. Foi dito pelos judeus que os discípulos roubaram o corpo de Jesus, porém trataremos disso brevemente depois. Vamos nos ater ao fato número 3 agora.

 

Fato #3: Em diferentes ocasiões e sobre várias circunstâncias diferentes indivíduos e grupos de pessoas experimentaram aparências de Jesus ressuscitado da morte. Este é um fato que é virtualmente reconhecido universalmente pelos estudiosos, pelas seguintes razões:

1. A lista de Paulo das testemunhas oculares das aparições do Jesus ressurreto garante que tais aparições ocorreram – Paulo nos diz que Jesus apareceu para seu principal discípulo Pedro, então para o grupo dos apóstolos conhecido como “os doze”; então depois ele apareceu para um grupo de 500 discípulos de uma só vez, então para seu irmão mais novo Tiago, que até então era aparentemente um descrente, então para os discípulos. Finalmente, Paulo acrescenta, “ele apareceu também a mim”, quando Paulo era ainda um perseguidor de cristãos (I Co 15.5-8). Dado o momento no qual Paulo escreveu tais informações, bem como sua familiaridade com as pessoas envolvidas, estas aparições não podem ser desconsideradas como simples lendas.

2. Os relatos das aparições nos evangelhos provêm múltiplas e independentes atestações das aparições – Por exemplo, a aparição a Pedro é atestada por Lucas e Paulo; a aparição aos “doze” é atestada por Lucas, João e Paulo; e a aparição para as mulheres é atestada por Mateus e João. As narrativas das aparições alcançam tantas fontes independentes que não se pode racionalmente negar que os primeiros discípulos tiveram tais experiências. Assim, até mesmo o crítico cético do Novo Testamento Gerd Lüdemann conclui, “Pode ser tomado como historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências após a morte de Jesus nas quais Jesus apareceu a eles como Cristo ressurreto” (CRAIG; EHRMAN, 2006).

 

Gary Habermas afirma que, quando o Novo Testamento identifica os dados do Evangelho, pelo menos três itens são sempre mencionados: a deidade, a morte e a ressurreição de Jesus. A chave da ressurreição de Jesus são suas aparições após a morte. Os estudiosos críticos concordam que todo o empreendimento da Igreja Primitiva – adoração, escritos e testemunho – nunca teria ocorrido se os seguidores de Jesus não estivessem absolutamente convencidos de que Ele conquistou a morte aparecendo a eles posteriormente (DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 172). As aparições de Jesus ressurreto tiveram um poder transformador na vida dos discípulos. Eles estavam sem esperança, não haviam entendido o que estava acontecendo e estavam com medo dos judeus, trancados no cenáculo e pensando em voltar as suas vidas de antes. Frank Morison lança luz sobre essa informação, dizendo que logo todos os discípulos se encontraram, mais uma vez, em suas próprias casas e se preparando para voltar para suas próprias vidas anteriores. Mas, para surpresa deles, o Senhor apareceu a Pedro e depois aos outros que viviam na Judeia e na Galileia, e sob a influência dessas aparições, cujos detalhes não foram precisamente preservados, eles creram que o Senhor estava vivo novamente e foram convidados a retornar a Jerusalém para retomar a obra do Mestre. Em Jerusalém, eles encontraram as mulheres que viram o túmulo, as quais lhes disseram que foram, na manhã do terceiro dia, suprir as deficiências do sepultamento dado ao Senhor por José. Mas quando vieram ao túmulo, em vez de encontrá-lo fechado, o encontraram aberto, e um homem jovem deixou-as aterrorizadas quando lhes disse que Jesus não estava mais lá. Assim, a crença já firme no fato da ressurreição por meio das aparições somou-se aos fatos do túmulo vazio, reforçado pelo relato das mulheres de que a ressurreição ocorreu ao terceiro dia (2009, p. 108, 109). O Dr. Ben Witherington disse que, em termos do perfil psicológico dos discípulos, se nós cremos que eles negaram, abandonaram e traíram Jesus, e que eles deram tudo por perdido quando ele morreu na cruz, psicologicamente alguma coisa significante deve ter acontecido para mudar as suas mentes sobre essa questão particular após a crucificação de Jesus. Lembre: nenhum judeu estava procurando um Messias crucificado. Se você quisesse espalhar a notícia de que Jesus era O Messias, mas crucificado, isso provaria que ele foi amaldiçoado por Deus e não o Ungido de Deus (ANKERBERG, 2007, parte 3). Gary Habermas lista 10 argumentos que provam a veracidade das aparições, principalmente quando comparados com as alternativas naturalistas dos céticos. Colocarei em forma de tópicos:

 

1.  O testemunho de Paulo. Paulo foi um poderoso oponente da mensagem cristã primitiva (I Co 15.9; Gl 1.13-14; Fp 3.4-7). Paulo explica que ele foi convertido a partir do alto escalão do Judaísmo. Está claro que a razão desta mudança foi sua crença de que ele viu Jesus ressurreto (I Co 9.1; 15.8; Gl 1.16). As aparições de Jesus certamente qualificaram Paulo a ser um erudito tanto do Judaísmo quanto do Cristianismo como uma testemunha excepcionalmente forte da ressurreição de Jesus;

2.  Paulo registrou uma tradição muito antiga, que na verdade antecede seus escritos, provavelmente em duas décadas. Esta tradição antecede mesmo sua conversão ao Cristianismo. Após explicar que ele recebeu de outros, Paulo sucintamente se refere ao evangelho que foi pregado no Cristianismo primitivo: Cristo morreu por nossos pecados e foi sepultado. Depois ele se levantou da morte e apareceu a muitas testemunhas;

3.  Paulo foi tão cuidadoso em assegurar a verdade da mensagem do evangelho que ele retornou a Jerusalém 14 anos após sua visita inicial (veja Gl 1.11-2.10). Seu propósito foi de estar absolutamente seguro se a mensagem que ele pregava era a verdade (Gl 2.2). Paulo visitou e entrevistou Pedro, Tiago e João e juntas são as maiores testemunhas;

4.  Em I Co 15.11 Paulo menciona que a mesma mensagem foi pregada por diferentes pessoas;

5.  Junto com I Co 15.3, a maioria dos estudiosos concordam que muitos outros livros do NT contém tradições antigas que antecedem os textos em que eles aparecem, inclusive no livro de Atos;

6.  Virtualmente ninguém, amigo ou inimigo, crente ou crítico nega que foi a convicção deles de que eles viram Jesus ressurreto foi o que causou as transformações radicais dos discípulos. Eles desejavam morrer especificamente por suas crenças na ressurreição.

7.  É quase sempre reconhecido que durante o ministério de Jesus se irmão Tiago era um cético (veja João 7.5). Ele provavelmente era um dos membros da família de Jesus em Marcos 3.21-25 que pensava que Jesus estava insano! Mas como damos conta dos relatos surpreendentes de que Tiago depois liderou a Igreja em Jerusalém (Gl 1.18-2.10; At 15.13-21)? Segundo o comentário no credo em I Co 15.7, Jesus apareceu a Tiago, sendo outro ponto da ressurreição de Jesus;

8.  O túmulo em que Jesus foi sepultado foi encontrado vazio logo depois. A pregação da Igreja Apostólica iniciou em Jerusalém onde um túmulo ocupado ou fechado teria sido desastroso. Embora o túmulo vazio não prove as aparições da ressurreição, eles reforçam as declarações dos discípulos que viram Jesus ressurreto;

9.  A ressurreição de Jesus foi o centro da fé cristã primitiva e também indica a sua realidade, desde que, por esta razão, ela foi repetidamente afirmadas por crentes e desafiadas por descrentes;

10.               Dois anos depois as tentativas dos não crentes de explicar o que aconteceu com o corpo de Jesus em termos naturais falharam. Os líderes judeus em Jerusalém tiveram o poder, os motivos e a localização para investigar a proclamação da das aparições de ressurreição de Jesus. Eles sabiam sobre a morte de Jesus e sobre seu sepultamento. Embora estivessem bem situados para expor o erro, eles não refutaram a evidência. Mesmo muitos céticos eruditos de hoje estão sem uma explicação do que ocorreu (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 173—75).

 

Não existem explicações que refutem a pregação do Cristianismo primitivo. Finalmente, veremos o fato número 4:

 

Fato #4: Os discípulos de repente e sinceramente começaram a acreditar que Jesus havia ressuscitado dos mortos não obstante suas muitas predisposições para o contrário. Pense na situação que os discípulos encararam após a crucificação de Jesus:

1. Seu líder estava morto – E as expectativas judaicas messiânicas não continham a ideia de um Messias que, ao invés de triunfar sobre os inimigos de Israel, seria vergonhosamente executado pelos seus inimigos como um criminoso.

2. Crenças judaicas sobre o além-vida excluíam a possibilidade de qualquer pessoa ressuscitando da morte para a glória e imortalidade antes da ressurreição geral da morte no fim do mundo – Todavia, os discípulos repentinamente começaram a crer tão fortemente que Deus ressuscitou Jesus de dentre os mortos que eles se dispuseram a morrer pela verdade desta crença. Mas então surge a questão óbvia: O que no mundo fê-los acreditar em algo tão antijudeu e estranho? Luke Johnson, um estudioso do Novo Testamento na Emory University, comenta, “Alguma espécie de experiência poderosa e transformativa é necessária para gerar o tipo de movimento como o do cristianismo primitivo”5. E também N. T. Wright, um eminente estudioso britânico, conclui, “Esta é a razão porque, como um historiador, eu não consigo explicar o surgimento do cristianismo primitivo a não ser por Jesus ressuscitando, deixando uma tumba vazia para trás” (CRAIG; EHRMAN, 2006).

 

Como está bem claro que os argumentos são irrefutáveis, veremos as tentativas dos céticos e ateus em negar a ressurreição de Jesus. Neste mundo pós-moderno, o conhecimento científico assume uma posição que não lhe cabe, principalmente acerca do conhecimento histórico. Sempre quando se fala em Ressurreição de Jesus, as pessoas afirmam: “você pode provar isso cientificamente”? (MCDOWELL, 1989, p. 36). Porém, Não se comprovam relatos históricos “cientificamente”. Existe uma diferença abissal entre prova científica e prova histórica judicial. Sendo assim, como demonstrar fatos históricos por meio do método científico? Impossível! Como saber “cientificamente” o que aconteceu em determinada data no passado e analisar determinado evento? C. S. Lewis (ex-ateu) explica:

 

Este ponto do método científico simplesmente mostra (o que ninguém jamais negou, segundo o meu entendimento) que se os milagres de fato ocorreram, a ciência, como ciência não poderia provar, nem refutar a ocorrência deles. Aquilo em que não se pode confiar para recorrer não é material para a ciência: eis porque a história não é uma ciência. Não se pode verificar o que Napoleão Bonaparte fez na batalha de Auterlitz pedindo-lhe que venha e lute a mesma batalha novamente num laboratório com os mesmos combatentes, no mesmo lugar, com as mesmas condições climáticas, e na mesma época. É preciso ir aos registros. Na verdade, não provamos que a ciência exclui os milagres: somente provamos que a questão dos milagres, como outras inumeráveis questões, exclui o tratamento laboratorial (apud GEISLER & BOCCHINO, 2003, p. 271).

 

Para se descobrir o que ocorreu no passado, temos que abordar as fontes históricas dos fatos. Apesar dos fatos comprobatórios da ressurreição de Jesus, alguns ateus tentaram explicar o que ocorreu naquela manhã de domingo, excluindo o milagre da ressurreição. Essas teorias são conhecidas como Teorias naturalistas acerca da ressurreição de Jesus.

 

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Referências e notas:

 

* Se analisarmos a sociedade ideal planejada por Deus, na qual as mulheres estão inseridas, não teríamos visto injustiças patriarcais praticada contras as mulheres. Para maiores informações, leia o artigo: Misógino? A Mulher em Israel de autoria de Paul Copan, disponível aqui: http://www.cacp.org.br/misogino-a-mulher-em-israel/; Observação: este livro foi publicado no Brasil em 2016 pela Editora Sal Cultural, com o título Deus é um monstro Moral? Entendendo Deus no Contexto do Antigo Testamento. Verdadeiramente um épico da apologética contemporânea.

 

ANKERBERG, John. Questions Surronding Jesus’ Ressurrection (2007). Recuperado de http://www.jashow.org/wiki/index.php/Questions_Surrounding_Jesus%27_Resurrection/Part_3, acessado em 08/04/2022

ANKERBERG, John. Questions Surronding Jesus’ Ressurrection (2007). Recuperado de http://www.jashow.org/wiki/index.php/Questions_Surrounding_Jesus%27_Resurrection/Part_2, acessado em 04/04/2022

CADE, Shelby. Prophecy and Resurrection. Recuperado de: http://www.apologetics315.com/2010/04/essay-prophecy-and-resurrection-by.html, acessado em 11/04/2022

CRAIG, William Lane; EHRMAN, Barth D. Is There Historical Evidence for the Resurrection of Jesus? (2006). Recuperado de:http://www.reasonablefaith.org/is-there-historical-evidence-for-the-resurrection-of-jesus-the-craig-ehrman#ixzz2pTVBBEHK, acessado em 04/04/2022

DEMBSKI, William A; LICONA, Michael R (Ed.). Evidence for God: 50 Arguments for Faith from the Bible, History, Philosophy and Science. Grand Rapids, MI: Baker Books, 2010

GEISLER, Norman L; BOCCHINO, Peter. Fundamentos Inabaláveis (H. C. Campos, trad.). São Paulo: Editora Vida, 2003

MCDOWELL, Josh. Mais que um Carpinteiro (Mirian Talitha Lins, trad.). São Paulo: Ed. Betânia, 1989

MORISON, Frank. Who Moved The Stone? Colorado Springs: Authentic Media, 2009

 

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