Nós não odiamos o pecado – Por isso não
conseguimos entender o que aconteceu com os Cananeus
Um Adendo aos Argumentos do “Genocídio
Divino” no Antigo Testamento
[PARTE VI]
Por
Clay Jones
Christian
Apologetics Program
Biola
University
La
Mirada, California
A Prática da Bestialidade entre os
Cananeus
Provavelmente
a depravação final é o sexo com animais. As Leis Hititas 199 declaram: “Se
alguém tiver relações sexuais com um porco ou um cachorro, ele morrerá. Se um
homem tiver relações sexuais com um cavalo ou uma mula, não há punição.”[46] E,
como no caso do incesto, a pena por ter relações sexuais com animais diminuiu
na época do Êxodo.
Não
deveria ser surpresa que a bestialidade ocorresse entre os Cananeus, uma vez
que o deus que eles adoravam a praticava. Do ciclo épico Cananeu de Baal
aprendemos:
O
Majestoso e Poderoso Baal ouve;
Ele
faz amor com uma novilha no interior [sertão],
Uma
vaca no campo do Reino da Morte.
Ele
se deita com ela setenta vezes sete,
Monta
oitenta vezes oito;
[ela
concebe] e dá à luz um menino.[47]
E
não havia absolutamente nenhuma proibição contra a bestialidade no resto do AOP.[48]
Pelo contrário, havia encantamentos usados para ajudar um homem que “não era
capaz de obter e/ou manter uma ereção devido a algum feitiço”, que incluem um
mulher fazendo sexo com animais.[49] “Alguns rituais especificam que um animal de
verdade fosse amarrado à cama: 'na minha cabeça está amarrado um cervo. Aos
meus pés [um carneiro está amarrado]! O cervo me acaricia! [Carneiro], copule
comigo!”[50] Leick explica: “Aqui é a voz de uma mulher que está falando. . . .
ela fala com os famosos animais machos excitáveis para despertar seu ardor. . .
. [e então] ela os convida a copular com ela.”[51] A forma que o relato continua
é tão repugnante que não consigo prosseguir citando.[52]
Acima,
citei o livro de sonhos Egípcio para homens sobre presságios relacionados a
sonhos incestuosos, mas os sonhos não são em sua maioria sobre sexo com
humanos. O livro dos sonhos então lista o que acontece se um homem tiver
relações sexuais com uma jerboa fêmea, uma pipa ou um porco. Todos os quais são
“ruins”.[53] Manniche então explica:
O
livro dos sonhos composto para mulheres está escrito no papiro Carlsberg XIII
em Copenhague do século II d.C. Como acabamos de ver, a tradição dos livros de
sonhos é muito mais antiga. O rolo de papiro está um pouco danificado, mas uma
série de combinações eróticas interessantes permanecem junto com o título:
As formas de relação sexual a
serem sonhadas quando uma mulher sonha
Se
uma mulher sonha que é casada com seu marido, ela será destruída. Se ela o
abraçar, sentirá tristeza.”
Observe
que uma mulher sonhar com o tipo de sexo que a Bíblia tolera é considerado um
mau presságio. Também é um mau presságio para uma mulher sonhar com relações
sexuais com vários roedores, pássaros, répteis e uma grande variedade de
animais. Mas coisas boas aconteceriam se ela sonhasse em ter relações sexuais
com um babuíno, lobo, bode e assim por diante.[54] Em suma, suas fantasias
sexuais envolviam tudo o que respira.
Se
esta evidência for sólida, então verifica-se que a ordem de Yahweh para matar
em certas cidades tudo o que respira responde à perversão real encontrada nas
práticas do AOP. Assim, discordo do comentário de Paul Copan de que isso era
“claramente hiperbólico”(25). Se eles estivessem fazendo sexo com quase todos
os seres vivos em que pudessem colocar as mãos, e estavam, então todos teriam
que morrer. Dawkins objeta que isso acrescenta “injúria ao insulto” pois “a
infeliz besta deveria ser morta também”.[55] Mas, o que Dawkins e outros não
entendem é que ninguém gostaria de ter por perto animais acostumados a fazer
sexo com humanos.
Em
um momento embaraçoso, o psicólogo Robert Yerkes contou sobre uma gorila
chamada Congo: “jogando-se de costas, pressionou sua genitália externa contra
meus pés e repetidamente e com determinação tentou me puxar para ela. . . .
Nessa atividade, ela era acentuada e vigorosamente agressiva, e foi necessária
considerável habilidade e força de resistência de minha parte para resistir ao
seu ataque.” Yerkes continuou comentando que “sua insistência no contato sexual
[era] extremamente embaraçosa. . . e um tanto perigosa por causa de sua enorme
força. . . .”[56] Agora, se Congo nunca tivesse feito sexo com um homem (claro,
não sabemos) e agido dessa maneira, não consigo imaginar o quão determinada ela
estaria se tivesse.
Isso
explicaria por que os Hititas precisavam esclarecer que os humanos podem não
ter culpa: “Se um boi pular sobre um homem para ter relações sexuais, o boi
morrerá, mas o homem não morrerá. . . . Se um porco salta sobre um homem para
ter relações sexuais, não há punição.”[57] Esse tipo de comportamento pode
explicar por que Deus usou um dilúvio para destruir o que Dawkins chamou de
animais “presumivelmente inocentes” nos dias de Noé.[58]
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Fonte:
PhilosoPhia
Christi Vol. 11, No. 1 © 2009,
pp. 52 – 72
Tradução Walson Sales
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Notas:
[46] Hoffner, “Incest, sodomy and Bestiality in the
ancient Near East”, 82.
[47] Mark S. Smith, trad., em Ugaritic Narrative Poetry, ed. Simon B. Parker (Atlanta: Society of
Biblical Literature, 1997), 148. No mesmo volume, veja também
“Baal Fathers a Bull,” trad. Simon
B. Parker, 181–186, e “A Birth”, trad. Simon B. Parker, 186–187. Albright
diz que “à luz de vários relatos Egípcios da deusa, inquestionavelmente
traduzidos de um mito Cananeu original”, que Baal estuprou Anath enquanto ela
estava na forma de um bezerro (Albright, Yahweh
and the Gods of Canaan, 128–9 ).
[48] Hoffner, "Incest, sodomy and Bestiality in
the Ancient Near East", 82.
[49] Leick, Sex and Eroticism in Mesopotamian
Literature, 205.
[50] R. D. Biggs, trans., ŠÀ.ZI.GA.: Ancient
Mesopotamian Potency Incantations (Locust Valley, NY: J. J. augustin,
1967), 31, citado em Leick, Sex and
Eroticism in Mesopotamian Literature, 206. Após listar as
passagens relacionadas ao que acabamos de mencionar, A. Kirk Grayson e Donald
Redford concluem o capítulo sobre as atitudes da Mesopotâmia em relação ao sexo
assim: “A esta altura, o leitor deve estar impressionado com a ausência de
inibições sexuais por parte dos antigos Mesopotâmios. O sexo era apenas parte
de uma vida normal e saudável. Certos tipos de comportamentos sexuais eram
considerados antissociais, é claro (como o adultério), mas fora essas poucas
restrições, tanto os homens quanto Deus gostavam de fazer amor ao máximo” (A.
Kirk Grayson e Donald redford, Papyrus
and Tablet [Englewood Cliffs, NJ : Prentice-Hall, 1973], 152).
[51] Leick, Sex
and Eroticism in Mesopotamian Literature, 206. Biggs
comenta: “A bestialidade certamente era praticada na Mesopotâmia, assim como na
Palestina. . .” (Biggs, ŠÀ.ZI.GA.,
34).
[52]
Biggs, ŠÀ.ZI.GA., 14:5–10, 33. Orei
com frequência e busquei o conselho de amigos e pastores de confiança sobre o
material aqui apresentado sobre o que poderia ser relatado.
[53] Manniche, Sexual
Life in Ancient Egypt, 100-1.
[54]
Ibid., 102 (ênfase no original). Para saber mais sobre a bestialidade Egípcia,
consulte Manniche, Sexual Life in Ancient
Egypt, 28, 43-4. Eu me pergunto sobre uma sociedade onde esse tipo de sonho
pode ocorrer. Aposto que a maioria das pessoas nunca sonhou em fazer sexo com
um animal em toda a sua vida.
[55] Dawkins, The
God Delusion, 248.
[56] Robert M. Yerkes, “The Mind of the Gorilla,” pt.
3, Comparative Psychology Monographs 5,
no. 2 (1928): 68–9.
[57] Hittite
Laws 199.
[58] Dawkins, The
God Delusion, 237–8.
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