Nós não odiamos o pecado – Por isso não
conseguimos entender o que aconteceu com os Cananeus
Um Adendo aos Argumentos do “Genocídio
Divino” no Antigo Testamento
[PARTE
VII]
Por Clay Jones
Christian Apologetics Program
Biola
University
La
Mirada, California
O Pecado Israelita
Israel
foi avisado para não deixar os Cananeus viverem em sua terra, mas para
destruí-los completamente (Êxodo 23:33; Deuteronômio 20:16–18) porque, caso
contrário, os Cananeus seriam (1) “farpas” aos olhos dos Israelitas (Nm.
33:55), (2) os Israelitas se casariam com os Cananeus, e então (3) os Israelitas
conseqüentemente aprenderiam os costumes Cananeus (Êxodo 34:15–16). Yahweh
advertiu que se os Israelitas começassem a adorar outros deuses, a terra os
“vomitaria” para que eles fossem espalhados e a maioria fosse destruída, assim
como vomitou as nações diante deles (Números 33:56; Lv. 18:28; Deut. 4:23–29,
8:19–20).
Mas
os Israelitas não expulsaram os Cananeus (Juízes 1:28), antes adoraram outros
deuses e seguiram suas práticas (Juízes 3:5–6; 2 Reis 17:7). Como resultado,
Israel “fez o que era mau” (Juízes 10:6, 1 Reis 14: 22-24) e ergueram “para si, estátuas e imagens do
bosque [Aserá], em todos os altos outeiros, e debaixo de todas as árvores
verdes.” (2 Reis 17:10). Havia “prostitutos de santuário” (1 Reis 14: 24),
eles cometiam atos de “devassidão”, adultério e incesto (Jeremias 5:7; Oséias
4:13–14; Ezequiel 22:10–11; amós 2:7), e até mesmo Salomão erigiu altares para
todas as suas esposas estrangeiras e até mesmo um altar para Moloque (1 Reis
11:5, 7–8). Com o tempo, os Israelitas sacrificaram seus filhos e filhas (2
Reis 1:3, 17: 17; 2 Crônicas 28: 3, 33: 6; Jr. 32: 35; Ezequiel 20: 26, 31). Em
vez de se arrependerem quando as coisas correram mal para Judá, eles concluíram
que era porque pararam de queimar incenso para “a Rainha do Céu”, Inanna/Ištar
(Jr 44:18). Por isso o Senhor disse que Israel “têm-se tornado para mim como Sodoma, e os seus moradores
como Gomorra.” (Jr. 23:14).
Posteriormente,
os profetas começaram a alertar o reino do norte (geralmente referido como
Israel ou Samaria) sobre a destruição iminente e, como eles não se arrependeram,
em 722 a.C., o rei da Assíria capturou o reino do norte, deportou a maioria dos
habitantes e encheu a terra com povos conquistados de outras nações.[59] Uma
vez que as tribos do sul (geralmente referidas como Judá) tiveram alguns reis
justos depois de Salomão e que, às vezes, atenderam ao aviso dos profetas, sua
corrupção final e destruição não ocorreram até que Nabucodonosor da Babilônia
violou as muralhas de Jerusalém em 586 a.C.
Mas
não para por aí. Em Lucas 20, Jesus advertiu os Judeus na parábola dos
lavradores e da vinha que os servos foram enviados a eles, mas foram
maltratados e, portanto, o dono da vinha enviou seu filho, mas os lavradores
mataram o filho. Jesus então perguntou: “Que fará então com eles o dono da
vinha? Ele virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros”. Então, em
70 d.C., quarenta anos após a morte de Jesus, o Imperador Romano Tito destruiu
Jerusalém e Josefo conta que os Judeus em Jerusalém
foram
primeiro chicoteados e depois atormentados com todos os tipos de torturas,
antes de morrerem, e depois crucificados diante do muro da cidade. Este
procedimento miserável fez com que Tito tivesse muita pena deles, enquanto eles
capturavam todos os dias quinhentos Judeus; não, alguns dias eles capturavam
mais. . . .então os soldados, por causa da ira e do ódio que carregavam contra
os Judeus, pregavam os que capturavam, um após o outro, nas cruzes, por diversão,
quando a multidão deles era tão grande, faltava espaço para colocar as cruzes,
e faltavam cruzes para os corpos.[60]
Tito
então renomeou a região para Palestina e por quase 1.900 anos não se conseguia
encontrar “Israel” no mapa. Em 135 d.C., os Romanos construíram uma cidade
sobre as ruínas de Jerusalém e a chamaram de Aelia Capitolina. Então o Imperador Adriano decretou: “É proibido a
todas as pessoas circuncidadas entrar ou permanecer no território de Aelia Capitolina; qualquer pessoa que
transgredir esta proibição será condenada à morte”. Eles foram proibidos de ver
Jerusalém mesmo “à distância”.[61]
Isso
é importante por três razões. Primeiro, mostra que o que Deus ordenou que
Israel fizesse aos Cananeus não era genocídio – era uma pena de morte. Deus
advertiu Israel que se eles cometessem os mesmos pecados, a terra também os
vomitaria. Deus não faz acepção de pessoas. Em segundo lugar, há uma lição
cósmica: Deus odeia o pecado porque o pecado leva à rebelião e aos piores tipos
de males. Em terceiro lugar, isso também responde ao mal-entendido de que
existe alguma descontinuidade entre o Antigo e o Novo Testamento. Em ambos os
Testamentos, Deus odeia o pecado e o punirá.
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Fonte:
PhilosoPhia
Christi Vol. 11, No. 1 © 2009,
pp. 52 – 72
Tradução
Walson Sales
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Notas:
[59]
Para uma documentação completa da deportação e do repovoamento, ver Bustenay
Oded, Mass Deportations and Deportees in
the Neo-Assyrian Empire (Wiesbaden, Alemanha: reichert, 1979).
[60] Flavius Josephus, The Works of Flavius Josephus, trad. William Whiston (Hartford, CT:
S. S. Scranton, 1905), 822.
[61]
Rendel Harris, “Decreto de Adriano sobre a Expulsão dos Judeus de Jerusalém,” The Harvard Theological Review 19
(1926): 202. Para saber mais sobre a expulsão de Judeus de Jerusalém, veja Paul
Schäfer, The History of the Jews in the
Greco-Roman World, rev. ed. (Londres: routledge, 1995), 158-60.
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