sábado, 8 de fevereiro de 2025

A Importância da Verdade Como Correspondente com a Realidade

Por Douglas Groothuis, PhD

"O que é verdade?" disse gracejando Pilatos; e não quis esperar para ouvir a resposta. Francis Bacon[1]

Se a apologética encontra seu significado e missão na defesa racional da verdade do cristianismo, ela deve focar, de forma mais intensa, quando o entendimento cristão histórico da própria verdade é questionado ou rejeitado completamente.[2] Em 1968, Francis Schaeffer escreveu que o problema de comunicar o cristianismo a uma nova geração estava centrado em um novo entendimento da verdade que a destacava da realidade objetiva e cognoscível.[3] Schaeffer foi profético e cirúrgico, e os perigos que ele discerniu lá atrás são epidêmicos agora. A verdade, especialmente a verdade espiritual, é agora amplamente considerada uma questão de perspectiva, uma mera construção social ou opinião pessoal. A verdade não diz mais respeito à natureza das coisas, nem está sujeita à análise intelectual.

No entanto, a Escritura afirma repetidamente que a fé deve ser factual, que acreditar significa conectar-se com a realidade. Considere as declarações de Paulo aos Coríntios que contestavam a ressurreição dos mortos:

E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. 1 Coríntios 15:14-19

O argumento de Paulo pressupõe uma afirmação de verdade sobre a ressurreição de Jesus na história, ou seja, no espaço-tempo. Paulo aposta tudo na verdade objetiva da ressurreição de Jesus. O fervor de Paulo em acreditar que a ressurreição ocorreu, ou o conforto que o relato da ressurreição causa na comunidade cristã ao professar e pregar a ressurreição é irrelevante se a ressurreição não for objetivamente verdadeira.

No entanto, muitos cristãos estão abandonando qualquer conceito de verdade objetiva e racionalmente cognoscível a respeito do próprio cristianismo. Eles afirmam que esse conceito de verdade objetiva limita o testemunho cristão e o vincula a um relato modernista antiquado da verdade que falhou em cumprir seu papel.

Tradução Walson Sales

Notas

[1] Francis Bacon, “On Truth,” in Bacon: A Selection of His Works, ed. Sidney Warfaft (Indianapolis: Bobbs-Merrill, 1965), p. 47.

[2] Este capítulo apareceu em uma forma similar como “Truth Defined and Defended” em Reclaiming the Center, ed. Millard J. Erickson, Paul Kjoss Helseth and Justin Taylor (Wheaton, Ill.: Crossway, 2004).

[3] Francis A. Schaeffer, The God Who Is There, 30th anniv. ed. (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1998), p. 25. Schaeffer referiu-se à visão bíblica e clássica da verdade como “verdadeira verdade”.

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