segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

A visão Bíblica da Verdade

Por Douglas Groothuis, PhD

A Bíblia não apresenta uma visão técnica da verdade, mas implícita e consistentemente apresenta a visão de correspondência em ambos os Testamentos. Se a Bíblia tivesse apresentado sua própria visão única e idiossincrática da natureza básica da verdade – geralmente não compartilhada por outras cosmovisões – isso separaria e isolaria a Bíblia de qualquer avaliação de suas reivindicações de verdade por pessoas de fora, tornando assim a apologética impossível. Além disso, se a Escritura tivesse oferecido apenas um relato cristão particular do significado básico da verdade, o cristianismo seria “verdadeiro” por definição, mas apenas em um sentido trivial.[30] Qualquer outra cosmovisão também poderia reivindicar sua própria visão da verdade e ser isenta de crítica.

As palavras hebraicas e gregas para verdade são ricas em significado, mas têm em seu cerne a ideia de conformidade com o fato.[31] A Escritura também enfatiza que Deus é fiel à sua verdade, o que significa que ele é fiel e não mentirá (Hebreus 6:18). Deus é um Deus de verdade, cuja palavra é a verdade (João 17:17). O Espírito Santo é “o Espírito da verdade” (João 14:17; 15:26; 16:13) e assim nos ensinará coisas verdadeiras. Jesus, o Filho de Deus, é “cheio de graça e de verdade” (João 1:14), e declarou ser “o caminho, a verdade e a vida” e que ninguém poderia vir ao Pai se não fosse por meio dele (João 14:6). Os profetas (Jeremias 8:8), Jesus (Mateus 24:24) e os apóstolos (1 João 4:1-6) alertam sobre aqueles que pervertem a verdade de Deus por meio de erros e mentiras. Portanto, toda a Escritura coloca a verdade objetiva revelada de Deus no centro sólido da vida espiritual e ética e da fidelidade. A verdade de Deus deve ser aprendida (Atos 17:11), meditada (Salmo 119) e defendida (1 Pedro 3:15-17; Judas 3). O erro deve ser tratado com amor (2 Coríntios 10:3-5; 2 Timóteo 2:24-26), seja teológico ou moral, ou se diga respeito às falsas crenças dos incrédulos ou às falsas crenças dos cristãos errantes.[32 ]

Versões da visão de correspondência da verdade foram defendidas pela maioria dos filósofos antigos (Platão, Aristóteles), filósofos medievais (Agostinho, Anselmo, Tomás de Aquino), filósofos modernos (Descartes, Locke, Hume, Leibniz, Russell) e filósofos contemporâneos (John Searle, William Alston, Alvin Goldman e Thomas Nagel). No entanto, duas outras teorias da verdade merecem atenção: a pós-modernista e a da coerência.

Tradução Walson Sales

Notas:

[30] Ibid., p. 131. Existe uma compreensão cristã específica da verdade amplamente compreendida, mas isso inclui a visão de senso comum ou clássica da verdade como correspondência com a realidade.

[31] Veja Douglas Groothuis, _Truth Decay: Defending Christianity from the Challenges of Postmodernism_ (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 2000), pp. 60-64.

[32] Para saber mais sobre a visão bíblica da verdade, veja Groothuis, “The Biblical View of Truth,” em _Truth Decay._

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